Franz Joseph Haydn

A arte da sinfonia perfeita

Quando Franz Joseph Haydn escreveu "Quarteto de Cordas, Op.76, Nº3, em Dó Maior, 'Imperador'", a obra foi tão elogiada que o compositor austríaco teve de fazer uma versão para coro, piano e orquestra. A peça serviu ainda de base para a criação do hino alemão e pode agora ser conhecida no volume 13 da Colecção Royal Philharmonic do PÚBLICO, que é editado amanhã. "Quarteto de Cordas, Op.64, Nº5, em Ré Maior, 'A Cotovia'" e "Quarteto de Cordas, Op.1, Nº1, em Si Bemol Maior, ' A Caça'" são as outras duas obras que fazem parte deste volume dedicado a Haydn, considerado o pai da sinfonia clássica.

Contemporâneo de Mozart e professor de Beethoven, Joseph Haydn foi sobretudo um autodidacta. O compositor nasceu em 1732, em Rohrau, uma pequena vila da Áustria. Graças à sua excelente voz, fez parte dos meninos de coro da Catedral de Santo Estevão, onde teve as suas primeiras aulas de educação musical e permaneceu até 1749. Foi, no entanto, a sua curiosidade que o levou a aprofundar os conhecimentos sobre música.

Depois de trabalhar como músico durante um breve período ao serviço do conde de Morzin, na Boémia, em 1761 Haydn é admitido ao serviço do príncipe Esterházy, um dos aristocratas mais ricos da Hungria. Responsável por toda a música do palácio, à excepção da religiosa (estava a cargo de Gregor Joseph Werner), Haydn dá nas vistas pelo seu génio e também pela sua capacidade de trabalho. Ao longo destes anos, o músico trabalha com um conjunto de virtuosos instrumentistas e conhece muitos artistas vienenses, incluindo Wolfgang Amadeus Mozart, de quem se tornaria amigo.

Inglaterra, a segunda pátria de Haydn

Após a morte de Esterházy, Haydn ficou a trabalhar para o seu sucessor, Nikolaus, "o Magnífico". Mais tarde, estabeleceu contacto com o prestigiado violinista inglês Peter Salomon, que organizava concertos nos salões de Hannover Square. A seu convite, Haydn viajou até Inglaterra, onde estreou algumas das suas mais conhecidas sinfonias. Por esta altura, começou também a preparar o lançamento das suas obras com editores de Paris e Londres. Em 1791, a Universidade de Oxford homenageou-o e Haydn tornou-se uma das figuras mais importantes de Inglaterra. Disse sobre Beethoven, que se tornou seu discípulo: "Será com o tempo um dos maiores compositores da Europa."

Para muitos críticos, a forma clássica da sinfonia só adquiriu a sua plena maturidade com Haydn, cuja carreira coincidiu ainda com o desenvolvimento de formas clássicas como a sonata, o quarteto de cordas e outras formas instrumentais. O músico austríaco ocupou-se também da reinvenção do contraponto, uma prática que parecia ter desaparecido com o classicismo e a preferência pela melodia com acompanhamento.

"Afastado do mundo não tinha ninguém que me incomodasse e isso obrigou- me a ser original", disse Haydn, reconhecendo que a sua permanência na Áustria o tinha levado a concentrarse profundamente na produção musical.No catálogo das suas obras instrumentais podem encontrar-se cerca de 100 sinfonias, 77 quartetos de corda, 30 trios para diversas combinações instrumentais, 30 sonatas para piano, 20 concertos para piano, entre outros. Já ao nível da música vocal, o músico compôs 24 óperas, 3 oratórios, diversas cantatas, missas, canções e peças soltas.

Respeitado em toda a Europa, quando Napoleão invade Viena, uma das primeiras medidas do estadista francês foi colocar uma guarda de honra diante da casa de Haydn. Os últimos dias de vida do compositor foram passados com o seu fiel copista e amigo, Johann Elssler. Morreu em 1809, em Viena

 

 

 

PRÓXIMO COMPOSITOR

CESAR FRANCK

Só aos 50 anos começou a escrever com verdadeiro afinco e a ver o seu talento reconhecido. César Franck nasceu em 1822, em Liège, na Bélgica. Em 1835, mudou-se para Paris e teve aulas de música com Reicha, Zimmermann e Leborne. Sempre muito influenciado pelo pai, não confia nos seus instintos e não investe na sua carreira. O poema sinfónico "Les Éolides" (1875) é uma das suas primeiras obras de referência. Morreu em 1890, em Paris.