Grieg, Mozart e Tchaikovsky

Do amor ao ódio

Aplaudidos, incompreendidos e ignorados. Mozart,Tchaikvosky e Grieg são três compositores que, apesar das suas obras excepcionais, provam como nem sempre o tempo faz justiça ao génio.

Se há nomes incontestáveis na história da música, Wolfgang Amadeus Mozart é um deles. Nasceu em 1756, na cidade austríaca de Salzburgo, e tinha apenas cinco anos quando escreveu as suas primeiras composições. Filho de Leopold Mozart, violinista na corte de Salzburgo, Mozart teve uma infância invulgar. Apercebendo-se do talento do filho, Leopold começou a dar-lhe aulas e tornou-se muito exigente, organizando concertos para a apresentação do jovem Mozart em algumas das mais eminentes capitais da Europa, como Munique, Genebra ou Paris.

Em 1781, com 25 anos, Mozart instala-se em Viena e ocupa o tempo com a produção de sinfonias ou actuações com piano e orquestra, que lhe valem os aplausos da crítica. A música de câmara e a ópera são géneros muito cultivados pelo compositor, que assinou verdadeiras obras-primas, de que são exemplo "As Bodas de Figaro", "A Flauta Mágica" ou "Requiem". A composição "Pequena Serenata Nocturna em Sol Maior" é a "pérola mozartiana" do volume 10 da Colecção Royal Philharmonic, que é amanhã editado com o PÚBLICO. Tchaikovsky e Grieg são os outros dois compositores cujas obras também podem conhecidas nesta edição.

Menos compreendido do que Mozart, Piotr Ilich Tchaikovsky foi um sinfonista russo, pós-romântico e controverso. Nasceu em 1840, na cidade de Votkinsk, estudou Direito e depois ingressou no Conservatório de São Petersburgo. Acusado de preferir a música alemã em detrimento do espírito russo, Tchaikovsky estreitou relações com compositores de outros países europeus, entre eles o mestre húngaro Liszt.

A flauta, o órgão e o piano eram os instrumentos preferidos de Tchaikovsky, que se deixou fascinar pela magia do teatro e da dança. "Romeu e Julieta", "O Lago dos Cisnes" e "O Quebra-Nozes" são alguns dos seus maiores êxitos e foram editados nos volumes 4 e 5 desta colecção. Agora, no décimo volume, pode-se conhecer "Serenata para Cordas em Dó Maior, Op. 48", obra composta em 1880 e muito aplaudida em Moscovo (Rússia).

Já Edward Grieg é o mais importante representante do nacionalismo musical norueguês. Nasceu em 1843, na cidade de Bergen, e aperfeiçoou os seus estudos de música no Conservatório de Leipzig (Alemanha). A sua primeira sonata para piano data de 1865. Por esta altura, já tinha começado a escrever os seus famosos "Cadernos Líricos" para piano, que se transformaram em 10 álbuns de peças para duas e quatro mãos. Influenciado por outro músico norueguês, H. Kajerulf, Grieg começa um trabalho de organizador de concertos com o objectivo de divulgar o folclore e a música tradicional norueguesa.

"Suite Holberg, Op. 40", a peça neste volume da colecção, é uma das obras para piano mais importantes de Grieg, que foi um compositor pouco reconhecido no seu tempo. À excepção de "Suite de Peer Gynt", que foi escrita para a obra teatral do dramaturgo Henrik Ibsen, todas as outras composições do músico norueguês estiveram longe de alcançar o êxito merecido. Grieg morreu em 1907, na sua terra natal, e é graças a músicos como ele que a Noruega é um dos poucos países que apoia os seus compositores, considerando- os funcionários do Estado e fomentando assim a criação artística.

 

PRÓXIMO COMPOSITOR

ACHILLE-CLAUDE DEBUSSY

Nasceu em 1863, em
Saint-German-en-
Laye, França, numa
família modesta. Ainda
criança conhece a
senhora Fleurville,
uma excelente pianista
que estudou com
Chopin. Com ela, tem
as suas primeiras
aulas de música e
depois ingressa no
Conservatório de
Paris, onde conhece o
pianista Marmontel.
Em 1884, ganha o
prestigiado Prémio
Roma, que o obriga
a partir para Itália.
Começa a produzir com
mais afinco e tornase
polémico quando,
numa altura em que o
academismo era a regra
dominante, afirmou:
“Não há teoria para
tocar. O prazer é a única
coisa fundamental na
música.” “Arabesque
Nº 1”, “Clair de Lune”,
“Passepied”, “Rêverie”
ou “Voiles” são algumas
das obras de Debussy
seleccionadas para o
volume 11 da Colecção
Royal Philharmonic.
O compositor francês
adoeceu gravemente
em 1915 e, na altura,
confessou numa carta
dirigida ao seu amigo
Godet: “Compus sempre
como se tivesse sido
atacado pela raiva,
como quem sabe que
já não vai estar vivo
amanhã de manhã...”
Debussy morreu em
1918, em Paris.