Entre a música e o drama

Compositor e maestro, Richard Wagner iniciou os seus estudos musicais influenciado pela literatura e filosofia românticas. Nas suas composições, procurou encontrar a síntese perfeita entre a música e o drama. Nascido em Leipzig, na Alemanha, a 22 de Maio de 1813, Wagner pertenceu a uma família de artistas — algumas das suas irmãs mais velhas eram cantoras de ópera ou actrizes. Com apenas 14 anos, escreveu a sua primeira peça de teatro trágica e, desejoso por poder cantá-la, começou a estudar música avidamente, influenciado pela obra de Beethoven e Weber. Foi maestro do coro de Wurzburgo e, a partir de 1839, mudou-se para Paris onde escreveu sobre música em alguns jornais (ganhando apenas o suficiente para sobreviver).

Foi na capital francesa que concebeu “Rienza” (1840), prelúdio de “O Navio Fantasma”, obra que só foi terminada em 1843. Apercebendo-se que “Rienza” fora bem acolhida, Wagner abandonou França, onde tinha contraído grandes dívidas (os empréstimos foram uma constante ao longo da vida) e instalouse na Saxónia como mestre-capela. A partir daqui, começou a envolver-se mais seriamente em assuntos políticos, frequentando as associações patrióticas e sofrendo a pressão das autoridades. Entre 1849 e 1852, escreveu as obras teóricas “Arte e Revolução”, “A Arte do Futuro”, “Uma Comunicação a Meus Amigos” e “Ópera e Drama”. Pese embora estes factos, Wagner trabalhou furiosamente e ainda não tinha terminado uma ópera quando começou a planear a seguinte, “Tannhäuser”, que terminou em 1845. A concepção vertiginosa de obras prossegue e, em “Lohengrin” (1848), surge pela primeira vez a técnica do “Leitmotiv”: a utilização de um tema que determinará o carácter e a acção de cada uma das personagens ou situações dramáticas de uma ópera. Entre as suas obras mais famosas conta-se ainda “O Anel de Nibelungo” (1876). Richard Wagner morreu no auge da popularidade em 1883, mas não deixou ninguém indiferente. Figura polémica, tanto do ponto de vista pessoal quanto político, tentou unir um pensamento tipicamente libertário e anarquista com um elitismo burguês. Profetizou o desaparecimento da ópera como diversão para as classes sociais mais elevadas e defendeu o aparecimento de um género musical consensual, que expressasse os ideais de liberdade.

OBRAS SELECCIONADAS

1 — “A Valquíria” Cavalgada das Valquírias
2 — “Rienzi” Abertura
3 — “Lohengrin” Prelúdio do Terceiro Acto
4 —“Siegfried” Idílio de Siegfried
5 — “O Navio Fantasma” Abertura
6 — “Tannhäuser” Abertura

PRÓXIMO COMPOSITOR

Richard Wagner

Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) é uma das figuras mais célebres da história da música e também uma das mais polémicas. Tanto do ponto de vista pessoal, como do ponto de vista musical ou político, suscitou mais discussões, estudos e interpretações do seu pensamento do que qualquer outro compositor. Depois da sua morte, os seus escritos voltaram a dar lugar a posições diametralmente opostas. O que causou esta situação foi o seu ideal que tentava unir um pensamento tipicamente libertário e anarquista a um elitismo tipicamente burguês, para não dizer – já que não era – aristocrático. Nascido em Leipzig, na Alemanha, escreveu uma tragédia shakespeariana aos 14 anos e começou a estudar música, influenciado por Beethoven e Weber, para que a sua obra pudesse ser cantada. Aos 20 anos, tornou-se maestro do coro de Wurzuburgo e nunca mais parou. Quando chegou à idade de se dar a conhecer como compositor, o romantismo já estava no seu apogeu. Entre as suas obras mais famosas contamse “O Navio Fantasma” (1843), “Tanhäuser” (1861), “Tristão e Isolda” (1865) e “O Anel de Libelungo”(1876). Dedicou-se também às meditações filosóficas e estéticas, publicando as obras teóricas “A Obra de Arte do Futuro” (1849) e “Ópera e Drama” (1851).