BD em francês Começamos por falar em Corto Maltese. Não porque a crónica lhe seja dedicada. Mas porque se vai falar da Europa e de banda desenhada. E quando se fala destas duas coisas é o marinheiro que com uma navalha traçou a linha do destino na sua mão que nos vem à ideia. Já se sabe que começou por ser um personagem secundário no universo de Hugo Pratt. Apareceu pela primeira vez na "Balada do Mar Salgado" ( Sgt. Kirk nº1, 1967) onde Pandora era a heroína da história. Só a partir de 1970 é que se tornou mais famoso do que o seu criador. Sobre Corto Maltese existem inúmeras páginas na Internet. Mas um bom ponto de partida para qualquer fã, é o European Comics on the Web. Imperdível para os amantes da banda desenhada e também para os curiosos. Fica em http://grid.let.rug.nl/~erikt/.Comics/welcome.html. A partir daqui é possível ir parar a outros "links": ao universo de Asterix; Blake & Mortimer; Blueberry, de Moebius; Judge Dredd; Kamagurka; Lady Polaris; Valerian et Laureline; Lucky Luke; Marsupilami; Mortadelo & Filemón; Spirou; Tank Girl; Tintin; Wild Lat; Yoko Tsuno, etc, etc.
Tem também "links" para revistas "on-line". E como o "site" é europeu não faltam páginas da Noruega, Grécia, Bélgica, Itália, Alemanha. Outro sítio dedicado à BD mas muito concorrido e de difícil acesso é a BD de A a Z, no http://alpha.uni-lille1.fr:28080/~leuridan/BDaZ/bdindex.html. Também é francês.
E já que estamos no universo francófono vamos falar de Cybersphère, uma revista francesa "on-line". Fica em http://www.quelm.fr/Cybersphere.html. É mensal, mas parece que parou no tempo, porque o que está lá data de Novembro de 1995. Tem dois redactores-chefes : Cyril Fièvet e Jean-Christophe Thomas. Tem também uma versão em inglês. Uma parte dos artigos é de acesso público e outra é para assinantes. A assinatura custa 100 francos franceses por ano.
Do seu conteúdo escolhemos duas entrevistas. A primeira a Christian Blachas, um especialista em comunicação que tem o programa Culture Pub, na cadeia de televisão francesa M6. Blachas ainda está à espera da "verdadeira" revolução nas redes: "A Internet para mim - que não conheço grande coisa mas sou um potencial consumidor-, não é nada mais que um Minitel melhorado. Com a diferença (que é enorme) de podermos entrar em contacto com qualquer pessoa em qualquer local do planeta. Mas a maneira como as pessoas usam a rede faz-me lembrar o Minitel". ( Outubro de 1995)
A segunda é realizada por correio electrónico ao escritor "cyberpunk" Bruce Sterling. A sua visão do futuro é negra. Começa por dizer que não gosta dos filmes que retomam os temas e personagens "cyberpunks" como "Johnny Mnemonic" e "Strange Days". Diz : "Gosto de Fellini, mas já está morto." Sobre os tempos futuros, Sterling acrescenta: "Temos à nossa frente 50 anos difíceis. Haverá sofrimentos terríveis e muitas tragédias inúteis, pelo menos uma calamidade e talvez guerras em larga escala. Acho que as hipóteses de sobrevivência da civilização são boas, melhores que 50-50. Estou optimista. (...) Sei que a condição humana será radicalmente transformada pelos meios técnicos. A maior parte das transformações serão dolorosas, monstruosas e horríveis."
Ó Internet, livrai-nos dos escritores que fazem futurologia.
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