Quem foi Hugo Pratt
Por: CARLOS PESSOA

Hugo Eugenio Pratt, filho único de Rolando Pratt e Eveline Genero, nasceu no dia 15 de Junho de 1927 na praia de Lido di Ravenna, perto de Rimini (Itália), onde os pais estavam de férias. As suas primeiras leituras, por volta dos sete anos, vão para Homero e outras obras épicas, mas também para a BD de aventuras - em particular, a série Tim Tyler's Luck, do americano Lyman Young, que relata as aventuras de dois jovens em África. Aos 10 anos, Pratt e a mãe juntam-se ao pai na Etiópia, onde vive durante os seis anos seguintes. Regressa a Itália em 1943. Depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, conhece o desenhador Mário Faustinelli, fundador da editora Albo Uragano Comics e inicia-se na BD. Fez parte do chamado "grupo de Veneza", que integrava Alberto Ongaro, Damiano e Dino Battaglia, entre outros. O relativo sucesso da sua colaboração na revista "Asso di Picche Comics" está na origem de um convite para trabalhar na Argentina, para onde viaja em 1949. Até 1962, quando regressa definitivamente ao Velho Continente, desenha milhares de pranchas. Entre as inúmeras criações que anima ou cria, destacam-se neste período Junglemen (argumento de Alberto Ongaro), Ernie Pike, Ticonderoga (as duas séries com argumentos de Hector Oesterheld), Ann de la Jungle, Sgt. Kirk (argumento de Pratt e Oesterheld), Capitain Cormorant e Wheeling. Em 1957 funda com Alberto Breccia a Escuela Panamericana de Arte, frequentada por futuros nomes grandes dos quadradinhos, como Walter Fahrer e José Muñoz. Os anos de 1962 a 1967 são difíceis para Pratt, que consagra o essencial do seu tempo a trabalhos mais ou menos de subsistência - Billy James (1962), A Ilha do Tesouro (1965) ou David Balfour (1967). A grande viragem ocorre em 1967, quando conhece Florenzo Ivaldi, um empresário do sector imobiliário genovês que adora a banda desenhada. Decidem lançar uma revista mensal, "Sgt. Kirk", onde aparecem as primeiras nove pranchas de "Una Ballata del Mare Salato" e um dos personagens, por enquanto ainda secundário, chama-se Corto Maltese. Em Dezembro de 1969 a revista interrompe a publicação, depois de 30 números. Hugo Pratt está praticamente desempregado. Algumas semanas antes, Pratt fora apresentado por Claude Moliterni a Georges Rieu, chefe de redacção da revista francesa "Pif". Propõe uma série em torno de Corto Maltese: entre Abril de 1970 e Abril de 1973 são publicados 21 episódios, hoje agrupados nos ciclos Sob o Signo do Capricórnio, Corto sempre um pouco mais longe, As Célticas e As Etiópicas. Constituem o "núcleo duro" de uma criação que teria outros episódios nos 20 anos seguintes e uma ampla consagração mundial nos anos seguintes.