Quem é Corto Maltese
Por: CARLOS PESSOA

Corto Maltese nasceu em La Valeta (Malta) em 1886, de pai inglês (Cornualha) e mãe espanhola (andaluza, a residir em Gibraltar). Tem nacionalidade britânica e domicílio em Antígua, nas Antilhas Inglesas. Marinheiro de profissão, solteiro, tem 1,87 m de altura, olhos negros e exibe um brinco na orelha esquerda. A sua biografia é difícil de estabelecer, tantas são as zonas de mistério e sombra. No início do século XX a família vivia na China, onde o jovem Corto presencia a catástrofe das tropas russas face aos japoneses, em 1905. Não se sabe quando se tornou marinheiro, mas conhece-se a data da sua deserção - 1911 -, quando abandona, em São Salvador da Baía, o navio que rumava a Buenos Aires. Dois anos mais tarde é assinalado no Pacífico, algures entre a Nova Guiné e o arquipélago de Bismarck. Nos meses que se seguiram à ocupação pelos britânicos da misteriosa ilha Escondida, em Janeiro de 1915, é visto em vários pontos da América Latina, nomeadamente em Paramaribo (Guiana Holandesa), Baía, Maracaíbo (Venezuela) e Caraíbas. Em 1917, numa Europa devastada pela I Guerra Mundial, passa por Veneza, onde teria organizado a recuperação do tesouro do rei de Montenegro. No Outono do mesmo ano é dado como estando na Irlanda, onde entrega armas aos insurrectos do IRA e do Sinn Féin.

Em Maio do ano seguinte Corto está no Iémen, depois de uma passagem mais prolongada pela Etiópia e África Oriental, antes de se reencontrar com a China e ser confrontado com a guerra civil russa, que eclodiu após a revolução bolchevista de Outubro de 1917. Na Primavera de 1920 é referenciado pela última vez no Extremo Oriente, pois logo a seguir volta a Veneza em busca da mítica esmeralda conhecida como clavícula de Salomão, enfrentando os fascistas italianos e conspirando com as obediências maçónicas. Mais atraído do que nunca pelos mistérios cabalísticos, pela alquimia e pelas práticas mágicas, Corto percorre a Suíça. A última estação conhecida de uma vida muito movimentada é uma descida onírica aos labirintos que conduzem ao continente perdido da Atlântida. Continua por confirmar o desaparecimento do herói na Guerra Civil de Espanha.