Primeiro volume de “Sob o Signo do Capricórnio”
Por: CARLOS PESSOA

Corto Maltese chega à América Latina, onde deixa profundamente impressa a sua marca pessoal. Os caminhos do mundo trilhados por um “homem do destino”.

Há um sinal enganador na pose ociosa, distante e um pouco displicente de Corto Maltese, instalado na varanda da pensão de Madame Java, em Paramaribo. À primeira vista, dir-se-ia que o herói de Hugo Pratt mostra de si uma faceta até então insuspeitada — a de um homem desapiedado, a quem os acidentes na vida dos seus semelhantes não parecem impressionar por aí além. Ver-se-á, depois, o quanto há de precipitado nesta avaliação. Mas o primeiro juízo do marinheiro sobre o velho Steiner — agora um bêbado que foi, nos seus melhores tempos, professor de Franz Kafka, em Praga, e amigo íntimo de Freud —, não passa despercebido à proprietária do estabelecimento...

“O Segredo de Tristan Bantam”, onde estes factos ocorrem, é o primeiro episódio de um longo ciclo de aventuras publicadas pela primeira vez entre 1970 e 1973 na revista francesa “Pif”, e mais tarde organizadas em quatro ciclos distintos que se mantiveram até hoje: Sob o Signo do Capricórnio, Corto Sempre um Pouco Mais Longe, As Célticas e As Etiópicas.

As três histórias que compõem este álbum (“Encontro na Baía” e “Samba com Tiro Certeiro”, além de “O Segredo de Tristan Bantam”), primeiro volume de Sob o Signo do Capricórnio, dia 11 de Outubro à venda com o PÚBLICO, ajudam os leitores a compor um pouco melhor a imagem do herói. Ele é, indubitavelmente, um personagem individualista e libertário, firme nas suas opções existenciais e radical nas suas condutas quotidianas. São estas características que o artista italiano não hesitou em aprofundar, acabando por se constituir em sinais distintivos de um “homem do destino”, que talha o seu caminho sem medos ou expectativas. Os primeiros passos, como se verá nestas histórias, levam o herói à América Latina.