Primeiro volume de “Mû”

Uma sinfonia submarina introduz a última aventura de Corto Maltese com os seus amigos mais próximos, empenhados em descobrir os segredos da Atlântida. “O rei do mar tem mais de um nome. Posídon entre os atenienses, Neptuno entre os tirrenos e, deste lado das colunas de Hércules, Atlza…”

Corto Maltese não quer acreditar no que acaba de ouvir: “Ah, ah, ah… Outra vez a velha lenda da Atlântida?” Após este diálogo silencioso, no leito oceânico coberto por uma água cristalina, quase asfixiado, o marinheiro de Malta regressa pouco depois à superfície. Depara-se-lhe uma galeria de personagens expectantes, onde identifica Soledad, Columbia, Steiner, Boca Dourada, Rasputine, Tristan Bantam, querendo saber se viu “aquilo que procuramos”.

É o início de “Mû”, a última aventura de Corto Maltese, que o PÚBLICO começa a distribuir hoje. Corto Maltese delira, por força da deficiente oxigenação cerebral, sonha ou está em estado de vigília? Não há resposta segura em qualquer momento desta longa aventura – até agora inédita em Portugal – que se desenrola sob o signo da Atlântida e das muitas especulações, teses e hipóteses acerca da existência e localização de tal continente. Há algo de apoteótico em “Mû”, uma obra de plena maturidade do seu autor, que junta com Corto alguns dos seus mais próximos amigos e companheiros de muitas e acidentadas peripécias. Junta-se-lhe a viajante e aventureira Tracy Eberhard, caída do céu e imediatamente fascinada pelo sulfuroso temperamento de Rasputine, uma presença feminina de “substituição” de Soledad, raptada pelos índios comandados por Dandy Roll.

O aparecimento deste curioso nativo não será a última das surpresas que Hug Pratt reservou aos leitore “Por que não seria um gigan te negro sensível à música de Boccherini? Dandy Roll é também uma homenagem ao desenhador Lyman Young, que colocou um personagem assim na sua histórias sobre os homens leopardos.”