Corto visto por Pratt.

“Com Corto Maltese, se escolhi o mar como ambiente do personagem foi talvez apenas porque era mais fácil de desenhar (risos). Mas um marinheiro tem uma dimensão mais romântica do que um “cowboy”, porque ele vai para lá da linha do horizonte, à procura do que lá se encontra. Na pradaria, há as estrelas e a erva. Mas o mar tem qualquer coisa de diferente e foi assim que surgiu Corto Maltese”


“Ele está no ponto de encontro de culturas e formas de pensar que, em princípio, são opostas e antagónicas. Nesse sentido, o seu personagem opera uma síntese de culturas que o transformam num cidadão do mundo”

É um tipo compreensivo sem nunca dar lições de moral. (...) Embora não me caiba a mim dizê-lo, o certo é que Corto se tornou outro personagem que me escapa e eu não compreendo”


“Não há verdadeiramente uma identificação do leitor com Corto Maltese. É outra coisa. O leitor gostaria de ter um amigo como ele e isso é o melhor que pode acontecer a um autor”


“Corto Maltese é o príncipe das minhas bandas desenhadas e fazê-lo envelhecer coloca-me problemas. Aliás, é por isso que eu o faço beber o elixir da longa vida (risos), de modo a que possa
permanecer jovem no sono e nos sonhos”


Excertos da entrevista feita por Carlos
Pessoa a Hugo Pratt, em 1992, e publicada
na íntegra no “Guia de Leitura”