"O Mundo a Seus Pés", de Orson Welles

A colecçao de DVD Clássicos Público, que se inicia amanha com "O Mundo a Seus Pés"/"Citizen Kane", de Orson Welles, é uma proposta irresistível. Trata-se de uma viagem no tempo, uma nova oportunidade para recordar a época dourada de Hollywood, onde a ilusao do grande ecra parecia tornar o mundo mais perfeito e, finalmente, voltar a ver obras-primas que, ainda hoje, influenciam os rumos da 7a arte.

Assistir as peripécias do gorila mais famoso do cinema, em "King Kong" (1933), ou partilhar os jogos de amor-ódio entre Katharine Hepburn e Cary Grant, em "As Duas Feras" (1938), é um privilégio que só o PÚBLICO lhe oferece, todas as quintas-feiras.

Neste regresso ao passado, onde há espaço para a mestria dos realizadores John Ford, Alfred Hitchcock ou Nicholas Ray, irao também desfilar as estrelas que ajudaram a transformar Hollywood na "terra dos sonhos". John Wayne, Robert Mitchum, Ginger Rogers e os irmaos Marx tem presença assegurada.

Para abrir este catálogo valioso, a escolha recaiu sobre a longa-metragem que, em 1998, o American Film Institute considerou ser o melhor filme de todos os tempos. "O Mundo a Seus Pés" (1941), de Orson Welles, é um retrato sublime sobre um homem poderoso, capaz de controlar a opiniao pública através dos seus órgaos de imprensa e rádio, mas totalmente impotente para lidar com a solidao.

Charles Foster Kane, inspirado na figura real do grande magnata da imprensa da década de 40, William Hearst, tornou-se numa personagem "bigger than life" que continua a ser a metáfora ideal para questionar os limites da sociedade mediática - e seis décadas depois nao parece estar assim tao diferente.

"Penso que uma palavra nao pode contar a vida de um homem", diz, no filme, o jornalista com a missao de deslindar os mistérios em torno da existencia de Kane (interpretado pelo próprio Welles) e de perceber o significado da enigmática expressao "Rosebud", proferida pelo milionário antes de morrer.

Será a partir dos testemunhos das pessoas que privaram de perto com "o maior magnata de todos os tempos" que o espectador conhece a origem de uma fortuna colossal.

Vencedor do Óscar de Melhor Argumento Original, em 1942, "O Mundo a Seus Pés" é um clássico irrepreensível, onde a profundidade dos planos e os jogos de sombras em torno das personagens constituíram uma novidade para a época. Orson Welles, o realizador também conhecido por "génio maldito", nunca mais conseguiu a total liberdade criativa. Mesmo assim, com apenas 26 anos, ganhou o direito de figurar nos primeiros lugares da lista de melhores realizadores norte-americanos.

 
"O Mundo a Seus Pés"
DE ORSON WELLES

"Um clássico que revolucionou a indústria artística, nos seus reflexos de testemunho e de onirismo. A partir dele, nada se adiantou - sobre os desígnios do poder, a influencia dos meios de comunicaçao, a vagabundagem visionária, os mistérios e os fantasmas da infância..."
"As Duas Feras"
DE HOWARD HAWKS

"O exemplo perfeito das 'screwball comedies', num requinte de ambiguidades morais e sexuais. Um prodígio quanto a narrativa e ao diálogo, ao tempo de acçao, aos efeitos de surpresa, ao absurdo dos artifícios, ao carisma extravagante dos intérpretes."
"Os Dominadores"
DE JOHN FORD

"Uma vibrante celebraçao da saga 'western', tendo John Wayne num dos seus mais formidáveis desempenhos, com a fenomenal reavaliaçao de Ford, em que ao envolvimento de massas se recorta, afinal, o vulto solitário dos protagonistas."
"King Kong"
DE MERIAN C. COOPER E
ERNEST B. SCHOEDSACK


"Épico do terror-fantástico, e um dos clássicos primordiais de culto, mantém um sortilégio essencial: em magia, exotismo, aventura, 'suspense', pulsao erótica em que se transcende o mito entre a bela e o monstro. Eis o espectáculo virtual por excelencia."