Chapéu
Alto de Mark Sandrich
Quarta-feira, 29 de Dezembro de 2004
Por: Rui Pedro Vieira Por Rui Pedro Vieira
Fred
Astaire e Ginger Rogers, o par de bailarinos mais famoso do cinema,
dançam e encantam ao som dos temas "Cheek to Cheek".
Deslizam
no ecrã em perfeita sintonia. Ele envolve-a nos braços enquanto
canta "Cheek to Cheek". Ela escuta apaixonada. O bailado é um
dos mais famosos do cinema e o melhor momento para caracterizar
a cumplicidade artística entre Fred Astaire e Ginger Rogers. Em
"Chapéu Alto/Top Hat" (1935), de Mark Sandrich, os números musicais
são o suporte para uma comédia de enganos, um romance que teima
em não se concretizar devido a sucessivos mal-entendidos.
A história inicia-se num clube londrino em que Jerry Travers (Fred
Astaire), um célebre artista norte-americano que se prepara para
protagonizar um novo espectáculo em Inglaterra, aguarda pela chegada
do seu produtor, Horace Hardwick (Edward Everett Horton). As normas
do estabelecimento exigem silêncio absoluto, mas Travers tem o
ritmo no corpo e acaba por realizar um pequeno número de sapateado
para provocar os homens de ar sério que frequentam o clube.
Já num hotel, o protagonista quer revelar os seus dotes musicais,
mas a estilista Dale Tremont (Ginger Rogers), que está alojada
no quarto de baixo, não suporta o ruído que o dançarino faz com
os pés ao som de "No Strings (I'm Fancy Free)". E é esta situação
incómoda que vai despertar Travers para o amor, embora um jogo
de falsas identidades leve Dale Tremont a resistir às investidas
apaixonadas do artista interpretado com a elegância de Fred Astaire.
A protagonista desloca-se para Veneza e está prestes a casar-se
com o seu costureiro, Alberto Beddini (Erik Rhodes).
Ao
envolver-se nesta "cruzada" para conquistar a atenção da mulher
que ama, Travers não esquece a magia de um "pezinho de dança".
Numa tarde de temporal, consegue convencer Tremont a esquecer
os medos da trovoada e a dançar com ele o tema "Isn't This a Lovely
Day to Be Caught in the Rain?", num momento de puro encanto coreográfico.
Nomeado
para quatro Óscares em 1935, "Chapéu Alto" conseguiu aproveitar
todas as potencialidades da banda sonora de Irving Berlin, com
as músicas "Top Hat, White Tie and Tails" e "Piccolino" a completarem
uma obra carismática e bem sucedida, com grande parte dos elogios
a irem directamente para a realização sofisticada de Mark Sandrich.
Fred Astaire surge neste filme com a confiança e o sorriso que
se tornaram a sua imagem de marca. Quase sempre de "smoking" preto,
gira sobre si próprio com a leveza dos grandes bailarinos e, acima
de tudo, dos melhores "entertainers". A platinada Ginger Rogers
segue-lhe os passos, entra no ritmo, e dá uma lição de "glamour"
e doçura.