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BACANAL

Quero beber! cantar asneiras
No estro bruto das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doido assomo...
Evoé Momo!

Lancem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vénus!

Se perguntarem: Que mais queres?
Além de versos e mulheres?...
_ Vinhos!... o vinho que é o meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Venus!

MANUEL BANDEIRA
in "Obras Poéticas"
Ed. Minerva, Lisboa, 1956
413 páginas

 

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