Trabalho sobre mutilação genital
feminina
Jornalista do PUBLICO.PT vence prémio Natali de defesa dos direitos humanos
A jornalista do PUBLICO.PT Sofia Branco recebeu hoje o Prémio Natali da Federação Internacional de Jornalistas e da Comissão Europeia, pela reportagem "Mutilação Genital Feminina - o holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a retirar o clítoris". A distinção premeia trabalhos jornalísticos na área dos direitos humanos e do desenvolvimento.
A cerimónia, que decorre hoje Bruxelas, distingue cinco jornalistas de África, Ásia, Mundo Árabe, Europa e América Latina, que recebem o galardão das mãos do vice-presidente da Comissão Europeia, Neil Kinnock.
O prémio foi instituído em 1992 pela Comissão Europeia para "promover o jornalismo de qualidade", sendo agora gerido pela Federação Internacional de Jornalistas, a maior organização de jornalistas do mundo, representando 500 mil profissionais em mais de cem países.
Sofia Branco considera a atribuição do prémio "uma grande honra" e afirma que o galardão "reflecte como o jornalismo pode contribuir para a promoção dos direitos humanos". Sobre o trabalho, a jornalista do PUBLICO.PT explica como tentou "compreender o acto odioso" da mutilação genital feminina para, através da compreensão, "mudar o mundo para melhor".
Sobre a mutilação genital feminina e a crença de que esta prática existe na comunidade guineense residente em Portugal, a repórter estima que o fenómeno "é uma questão de integração dos imigrantes na Europa" e que o continente deve agir contra "aspectos culturais que são contra os direitos humanos mais elementares".
Sofia Branco dedica o prémio "a todas e cada uma dos dois milhões de mulheres que são mutiladas todos os dias, em quase 30 países do meu mundo, do nosso mundo".
O trabalho, publicado em 2002 no PÚBLICO e no PUBLICO.PT, já foi distinguido com o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas 2002; com o Grande Prémio Imigração e Minorias Étnicas: jornalismo pela tolerância do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME); e obteve uma menção honrosa no Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença.
Um dossier com textos de Sofia Branco sobre o tema da mutilação genital feminina - incluindo o trabalho hoje premiado - está disponível em http://dossiers.publico.pt/dossier.asp?id=967.
Os restantes quatro vencedores
O jornalista queniano Ken Opala recebeu o prémio referente a África por uma série de trabalhos sobre a pena de morte. Ken Opala foi também distinguido com a Medalha de Ouro, que representa a maior honra dos prémios Natali.
Walid Batrawi, da Palestina, recebeu o prémio relativo ao Mundo Árabe pelo artigo "Media-less Reforms vs. Reform-less Media".
O paquistanês Massoud Anasari foi o galardoado pela Ásia, com o trabalho "The Great Repatriation Scam".
Pela América Latina e Caraíbas o premiado foi José Fernando Hoyos Estrada, da Colômbia, pela reportagem “¿Qué puedo hacer por Colombia?” |