Trolhas lisboetas aprenderam italiano para mandar piropos a Monica Bellucci
A actriz Monica Bellucci, de 43 anos, conhecida por interpretar papéis como Maria Madalena ou Cleópatra, esteve em Lisboa para gravar um anúncio a uma marca de lingerie italiana, para gáudio dos trolhas da cidade. “Quando soubemos que ela vinha cá, comprámos uns fascículos do ‘Planeta De Agostini’ e aprendemos italiano para não passarmos vergonha”, explicou Telmo Silva, trolha da Soares da Costa. “Assim, pudemos mandar não apenas os piropos clássicos, como ‘i vostri pantaloni devono essere TMN, perché avete un culo che è un Mimo’ (as tuas calças devem ser TMN, porque tens um cu que é um Mimo) e ‘vi renderei un piccolo pigiama dello sputo’ (fazia-te um pijaminha de cuspo), mas também piropos pensados especificamente para a ‘bella Bellucci’, como ‘Maria Madalena, ho qui qualcosa che non vi rammarichiate’ (Ó Maria Madalena, tenho uma coisa aqui para ti da qual não te vais arrepender), ‘Cleópatra, ho un serpente qui per morderlo’ (Ó Cleópatra, tenho aqui uma cobra para te morder), ‘Non avete partecipato a quella pellicola circa Obelix? Allora venga qui e tuffi si la vostra testa in mio calderone’ (Não participaste naquele filme sobre o Obelix? Então anda aqui mergulhar de cabeça no meu caldeirão) ou, o meu preferido, porque no fundo é um elogio, ‘Se desiderate continuare a sembrare così giovani, venga qui e lavi la vostra faccia nella mia fonte della gioventù’ (Se queres continuar a parecer tão nova, anda aqui lavar a cara na minha fonte da juventude)”. Quanto ao facto de os piropos terem sido criminalizados pelo novo Código Penal, Telmo Silva não se demonstrou
preocupado. “Os polícias pensaram que estávamos a falar ucraniano e, portanto, acharam normal”. • VE
Sabe mais do que um historiador amargo de 66 anos?
O novo livro de Vasco Pulido Valente, “Ir Para o Maneta”, explica as invasões napoleónicas em Portugal, incluindo a origem dessa curiosa expressão – “ir pr’ó maneta” – que se refere ao cruel general Loison, que não tinha um braço, encarregue por Junot de suster a resistência portuguesa às tropas napoleónicas. Ir para o maneta seria, portanto, ir para o pelotão de fuzilamento, daí a expressão. Depois desta explicação, a curiosidade dos leitores poderá crescer quanto a mais expressões portuguesas igualmente enigmáticas. Por essa razão, o IP explica as mais conhecidas.
Ir p’ró galheto
Esta expressão nasceu na altura de Viriato, que planeava mais uma emboscada à legião romana estacionada nos Montes Hermínios. Porém, quando estava embriagado com hidromel, terá relatado ao pormenor todos os planos da emboscada a um soldado romano que encontrou na montanha (porque o confundiu com o seu braço-direito, Minuros, apenas porque ambos tinham bigode), chamado Julius Galietus, que bufou os planos da emboscada ao general Servílio Cipião, razão pela qual “ir para o Galietus’ passou a ser sinónimo de mandar algo para o lixo.
Ir p’ra c… da tia
Os portugueses consideram esta expressão um insulto, mas não sabem qual é a sua origem. Na realidade, esta remete para o período em que o Intendente-Geral da Polícia, Pina Manique, castigava os opositores políticos de D. Maria I, prendendo-os e obrigando-os a fazer um cunnilingus à sua tia, Dona Eulália Inácia de Pina Manique, uma velha de mais de 80 anos, antes de finalmente os enviar para o degredo, em África. Assim, “ir p’ra c… da tia” tornou-se, com o tempo, o sinónimo de morte lenta numa terra distante.
Ir p’ra p… que pariu
Esta expressão, tão familiar para muitos portugueses, refere-se a Dona Carlota Joaquina, que mesmo tendo apoiado o seu filho D. Miguel durante a “abrilada” e a “vilafrancada”, acabou esquecida por este, desterrada em Queluz, onde morreu. Por isso, como Dona Carlota Joaquina era uma pessoa maquiavélica e insuportável, conhecida como “a megera de Queluz”, começou por surgir a expressão “ir p’ra megera que pariu D. Miguel”, querendo dizer, tal como na expressão anterior, ir para o desterro. Com o tempo, a expressão foi elipticamente simplificada e acabou como hoje em dia a conhecemos.
Ir desta p’ra melhor
Esta curiosa expressão significa, ao contrário do que o seu sentido literal faria prever, morrer. As origens desta expressão recuam à Roma antiga, onde um auto-intitulado profeta, chamado Jesus de Nazaré, afirmava que, após a morte, as pessoas ficariam ao seu lado, para toda a eternidade. Como presunção e água benta não lhe faltavam, isso era considerado, por ele próprio e pelos seus apóstolos, uma coisa boa, pelo que a morrer, junto desta comunidade, passou a ser designado como “ir desta p’ra melhor” ou, em aramaico, “la lama saba’ta”. • VE
Acordo ortográfico, o novo euro!
Portugal já sofreu um processo semelhante a este, há uns anos, quando o País aderiu ao euro, abandonando o escudo. Assim, é de prever que:
- Tal como os comerciantes no dia 31 de Dezembro de 1999 vendiam os cafés a 50 escudos e, um dia depois, já estavam a vendê-lo a 50 cêntimos, é de prever que as operadoras de telecomunicações também aumentem o preço das novas palavras, deixando de cobrar, num SMS, uns meros 0,02 cêntimos pela palavra “anti-terrorismo”, e passem a cobrar 0,5 cêntimos pela palavra “antiterrorismo”, o que fará uma enorme diferença na facturação mensal do Ângelo Correia e do Nuno Rogeiro;
- Tal como existiu um período de adaptação, durante o qual conviveram o escudo e o euro, também vai haver um período de adaptação, 10 anos, durante o qual os portugueses tanto podem usar a norma antiga do Português como a nova norma, resultante do Acordo Ortográfico. Isto vai novamente
causar confusão nos mais idosos, que entregarão as cartas da Caixa Geral dos Depósitos sobre a reforma ao primeiro meliante que lhes aparecer no caminho, para que lhes explique se aquele “saldo atual” é o antigo “saldo actual”;
- Por último, é de prever que, tal como milhares de portugueses encheram o
Banco de Portugal com notas e moedas de escudo, para serem trocadas
por euros, milhares e milhares de idosos e idiotas mansos corram ao Instituto
Camões, para trocarem os velhas palavras portuguesas pelas novas palavras
brasileiras, exigindo que lhes troquem o “óptimo” pelo “baril”.
“As Guerras do Alecrim e da Manjerona” ou “As Guerra do Cacau e da Mandioca”?
Muitos temem que o Acordo Ortográfico mude para sempre a maneira como as grandes obras portuguesas são publicadas, com os seus vocábulos adaptados à nova realidade “abrasileirada”. Os brasileiros dizem que nada disso se passará, mas o certo é que o IP descobriu uma edição d’ “Os Lusíadas”, publicada este mês pela “Companhia das Letras”, e os receios confirmam-se, como se pode ver por este excerto do Canto IV, designado na introdução do livro como “A múmia de Belém”…
Mas uma múmia de cara de senador,
Que ficava na praia, entre a galera,
Botou em nós os olho, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada levantando p’ra xúxú,
Que nós no mar ouvimos até com o cu,
Com um saber que não estava nada mal,
Tal prálápápá tirou do peitoral:
Já numa edição d’ “Os Lusíadas”, publicada pela Editorial Karl Marx, também se nota que Luanda é um dos grandes beneficiados pelo novo Acordo Ortográfico, como se pode ver pela continuação do Canto IV…
Ó glória de generalar! Ó vã kobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Nhânhâ!
Ó mabukuku gosto, kê se tiça
Tal como Roma e Pavia (ou, pior ainda, a Casa da Música), o Acordo Ortográfico entre Portugal e o Brasil demorou a ser feito. Desde que foi acordado, em 1991, até que seja ratificado por Portugal, em 2008, decorreram 17 longos anos (os adeptos do Sporting, por exemplo, têm perfeita consciência do que significa uma demora de 17 anos). Para dar uma ideia, se todos os protocolos que Portugal assinou com países estrangeiros fossem assim, Mário Soares tinha assinado o Tratado de Adesão de Portugal à CEE e, 17 anos mais tarde, António Guterres tinha ratificado a entrada de Portugal na União Europeia. Lamentamos, mas há coisas que são feitas na altura em que se pensa nelas ou já não adianta fazê-las, anos e anos mais tarde, como formar banda de rock, ratificar um acordo ortográfico ou, no caso da Teresa Guilherme, ser actriz.
Kum’aura popular, k’onra se chama!
Kê castigo bué e kê justiça
Fazes no peito zugundô kê muito t’ama!
Kê zabunko, kê muboguko, kê
zabakam’ntas,
Kê bukulôlô neles experimentas!
Até que, por fim, este é o resultado do novo Acordo Ortográfico em Timor Lorosae, onde encontramos uma edição d’ “Os Lusíadas” na nova norma linguística timorense e onde o Canto IV prossegue assim…
Tu what niu disasters you determaineeeee
Tu take these kingdoms and this piupleeee?
What daingers, what dieths you destine
thaiiim
Underneath some nooble neeeimeeeee?
What promises of kingdoms, and of goold
maaineeees,
You will make them it so easiliiiii?
What glory will you promise theeeem? What
storiiiiiis?
What triumphs, what applausiiis, what victoriiiiis? VE
Wikipédia fez sete anos e nasceu há 15, em 1982
Serviço IP/Receitas Pingo Doce - A Wikipédia comemorou sete anos na terça-feira, uma data assinalada pela própria encyclopedia online como os “os primeiros 15 anos de vida de um projecto criado em 1982. Estávamos então no século XIX”, escreveu o seu co-fundador James Wales na página de entrada. “A Europa encontrava-se dividida entre os tutsis e os hutus e procurava avidamente informação fidedigna sobre o papel de Zita Seabra no 11 de Setembro. E teve-a. Afinal, ‘wiki’ significa super-rápido em havaiano e professor José Hermano Saraiva em português”. • MB
Camões em inglês já está a ser traduzida por Vasco Graça Moura para português
É hoje lançada nos Estados Unidos a primeira edição integral em língua inglesa da obra de Camões. A demora de mais de quatro séculos terá ficado a dever-se a questões burocráticas e alfandegárias. A obra tem a chancela da Princeton University Press e já está negociada para ser editada em Portugal, com tradução do inglês para português de Vasco Graça Moura. O tradutor disse ao INIMIGO que traduzir Camões para a língua de Camões sempre era mais fácil do que traduzir Joe Berardo ou SMS e citou, entusiasmado, a célebre abertura “The barons and the weapons assinalated”. SB