Volvido mais de ano e meio sobre a queda da ponte Hintze Ribeiro, começam finalmente a apurar-se os responsáveis pela tragédia. De acordo com informações ontem tornadas públicas, o procurador-adjunto Pinto Hespanhol já terá entregue o seu despacho final ao Ministério Público, no qual conclui que os organismos públicos ligados ao ambiente e conservação de estradas, bem como pessoas e entidades associadas à extracção de areias, poderão ser incriminados pela queda da ponte de Entre-os-Rios.

 
 
5 de Janeiro de 2001
O engenheiro civil Lourenço Ferreira, do Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR) efectuou a última fiscalização informal à ponte Hintze Ribeiro. "Por não ter encontrado qualquer problema digno de menção", não redigiu sequer o relatório, mas foi obrigado a fazê-lo no dia seguinte à tragédia, conforme declarou à comissão de inquérito criada no âmbito do Ministério do Equipamento Social.

4 de Março
Por volta das 21h00, um dos pilares da Ponte de Hintze Ribeiro cai, arrastando para o rio um autocarro e três automóveis ligeiros. Morreram 59 pessoas.

5 de Março
De madrugada, Jorge Coelho, ministro do Equipamento Social, anuncia a demissão do cargo.
Decretados dois dias de luto nacional.
Governo nomeia comissão de inquérito.

6 de Março
Primeira vítima é sepultada.

8 de Março
O presidente do Instituto de Estradas de Portugal, António Martins, é afastado do cargo.
Aparecem os primeiros quatro corpos na Galiza.

9 de Março
Mais dois corpos dão à costa da Galiza.

12 de Março
Descoberto mais um cadáver na Galiza.

19 de Março
Provedoria de Justiça fixa em dez mil contos o valor das indemnizações a atribuir aos familiares das vítimas.
Instituto de Estradas de Portugal anuncia inspecção a 354 pontes do país.
Conclusão do relatório preliminar da comissão de inquérito ao acidente diz que a extracção de areias, as cheias e as descargas das barragens se conjugaram para provocar a queda da ponte.
Foi localizado o autocarro a cerca de 120 metros a jusante da ponte de Entre-os-Rios. Estavam seis corpos no seu interior.

2 de Abril
Primeiro veículo encontrado. No interior estavam os corpos de um casal.

7 de Abril
Segundo veículo encontrado e retirado.

8 de Abril
O Instituto Hidrográfico abandona as buscas no Douro, 34 dias depois do acidente de Entre-os-Rios.

11 de Abril
O presidente do Instituto de Navegabilidade do Douro (IND), Mário Fernandes, apresenta a demissão, depois de o relatório da comissão de inquérito ao acidente ter atribuído ao IND culpas na queda da ponte.

19 de Junho
Encontrado terceiro carro com três corpos no seu interior.

7 de Outubro
Não são encontrados quaisquer corpos nas operações de remoção do tabuleiro da ponte. Continuam por aparecer 36 corpos. Para a Comissão dos Familiares das Vítimas, chegou o momento de "partir para um novo ciclo, uma nova vida, uma nova etapa".

9 de Outubro
A Comissão Parlamentar de inquérito ao acidente de Entre-os-Rios termina os seus trabalhos e conclui que a causa directa da queda da ponte foi "a descida do leito do rio na zona do quarto pilar", relacionada com as "actividades de extracção de inertes do leito do rio". O relatório é enviado à Procuradoria-Geral da República, para averiguar da existência de possíveis "ilícitos criminais graves".

19 de Janeiro 2002
O Presidente da República efectua a sua primeira visita oficial ao concelho de Castelo de Paiva, respondendo a um convite de 1998. Jorge Sampaio justifica a deslocação com a necessidade de "fechar o ciclo da tragédia".

26 de Fevereiro de 2002
Procuradoria-Geral da República informa, em comunicado, que a investigação "está em fase adiantada".

4 de Maio de 2002
É inaugurada ao trânsito a nova ponte, uma réplica da Hintze Ribeiro. Obras custaram cerca de sete milhões de euros.

10 de Novembro de 2002
Vêm a público as primeiras informações que dão conta que o Ministério Público já apurou responsabilidades e que elas recaem nos organismos públicos ligados ao ambiente e conservação de estradas, bem como pessoas e entidades associadas à extracção de areias.

11 de Novembro
O presidente da Associação de Empresas de Dragagens do Norte, Fernando Jorge, assegura que ainda nenhum dos areeiros que operavam em Castelo de Paiva foi notificado judicialmente por eventual co-responsabilização criminal pela queda da ponte de Entre-os-Rios.





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