Judiciária averigua conexão
portuguesa
António Arnaldo Mesquita
A Polícia Judiciária
está a procurar esclarecer a autoria da falsificação
dos passaportes que têm sido apreendidos a futebolistas
a actuarem em cinco países da União Europeia
(Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália).
Os investigadores vão agora começar
por analisar as mais de duas dezenas de títulos de
viagem até agora confiscados, para apurar não
só o tipo de falsificação, como a eventual
proveniência dos impressos oficiais usados para dar
suporte a uma alegada origem comunitária de futebolistas
sul-americanos.
Uma magistrado do Ministério Público,
titular do inquérito pendente no Departamento de Investigação
e Acção Penal de Lisboa, deslocou-se recentemente
a França, onde se reuniu com magistrados daqueles países
comunitários no Palácio da Justiça de
Paris. A reunião foi aproveitada para uma troca de
informações e para a definição
de prioridades face a um problema cuja amplitude, que não
está ainda apurada, poderá ter efeitos devastadores
nas classificações de alguns países.
Trata-se de uma investigação
complexa, dado que pode haver múltiplas origens dos
impressos oficiais de passaportes, que tanto são arranjados
lícita ou ilicitamente nos governos civis como nos
consulados portugueses espalhados pelos cinco continentes.
Por outro lado, a necessidade de legalização
dos imigrantes oriundos de países terceiros gerou uma
fileira complexa de falsificação de documentos
para que os seus titulares possam obter legalização
na União Europeia. No caso dos futebolistas, ter ou
não ter origem comunitária é um elemento
susceptível de triplicar ou de quadruplicar o valor
do seu passe. Facto que, por seu turno, valoriza o expediente
da falsificação de passaporte para uso de jogadores
latino-americanos.
Simultaneamente com a análise
dos passaportes já apreendidos naqueles países
comunitários, a PJ analisará detalhadamente
a documentação entregue na Liga e na Federação
Portuguesa de Futebol relativa a futebolistas estrangeiros
contratados pelos clubes nacionais. Este varejo está
igualmente em curso na Alemanha, Espanha, França, Inglaterra
e Itália e poderá aumentar o número de
situações irregulares.
Falsificação de documento,
uso de identidade falsa, burla agravada e corrupção
são alguns dos crimes que podem vir a ser imputados
aos autores e beneficiários da contrafacção.


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