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Irlanda do Norte: Grupos paramilitares católicos

Exército Republicano Irlandês - IRA

PaulFaithEPA

O IRA é uma organização militar secreta que há muito tempo luta pela integração da província da Irlanda do Norte no país independente da República da Irlanda.
Formado em 1919, como uma força militar não-oficial, começou por iniciar acções de resistência ao domínio britânico, atacando a polícia com emboscadas e ataques surpresa.
A guerrilha continuou até 1921 - data da divisão da Irlanda -, quando os líderes britânicos e irlandeses declararam um período de tréguas, assinando o Tratado Anglo-Irlandês, que transformou a Irlanda num domínio - o Estado Livre da Irlanda (ELI) -, ou seja, num país com um Governo próprio, mas que deve fidelidade à Coroa britânica. Este Tratado dividiu o IRA: um grupo, liderado por Michael Collins, aceitou o Tratado e tornou-se parte integrante do Exército do ELI; o outro grupo - "Os Irregulares" -, liderado por Eamon de Valera, rejeitou o Tratado, porque não concedia total independência do Reino Unido.
Em 1922, rebentou a Guerra Civil: os "Irregulares" - que dariam origem ao IRA - saíram derrotados, mas mantiveram-se como organização clandestina.
Por altura do Movimento pelos Direitos Civis, católicos e protestantes entraram em confrontos e o IRA apareceu em defesa dos primeiros.
Em 1969, o IRA sofreu uma profunda divisão no que toca a estratégias e tácticas, passando a existir dois grupos: uma facção mais extremista, o Provisional IRA (IRA Provisório), e o Official IRA (IRA Oficial).

Official IRA

Composto pelos membros mais velhos do IRA, este grupo tinha uma vertente mais socialista, empenhado na mudança social. Não representava uma grande ameaça para as forças britânicas.
Declarou o cessar-fogo em 1972 e, desde aí, pensa-se que se terá dissolvido.
Tem laços estreitos com o Partido dos Trabalhadores.

Provisional IRA (Provos)

Composto pelos membros mais jovens e agressivos, é este grupo a que actualmente nos referimos quando dizemos IRA, a principal organização paramilitar republicana.
É este o grupo responsável por vários ataques bombistas, emboscadas e assassinatos na Irlanda do Norte e no Reino Unido.
Sinn Féin
É o braço político do IRA, um partido nacionalista legal, que desempenhou um papel importante na independência da Irlanda.
O seu nome quer dizer, em gaélico, "We Ourselves" (Nós, nós próprios). A organização foi criada por um jornalista irlandês, Arthur Griffith, em 1905.
Em 1919, os deputados do Sinn Féin eleitos para o Parlamento britânico, entre os quais estavam Michael Collins, Arthur Griffith e Eamon de Valera, resolveram formar uma assembleia nacional irlandesa - o Dail Eireann.

Continuity IRA - CIRA

Grupo dissidente do IRA que emergiu recentemente - em 1994 - e que se opõe, implacavelmente, às actuais conversações de paz.
Esta facção extremista, que se pensa ter um reduzido número de membros, defende a todo o custo a união da Irlanda, foi criada como ala paramilitar do Sinn Féin Republicano, dissidente do Sinn Féin desde 1986.
Chama-se "Continuity" porque o grupo considera que está a seguir a missão original do IRA: forçar o Reino Unido a abandonar a Irlanda.
É responsável pelo ataque bombista de 1996 no Killyhelvin Hotel, em Enniskillen. As forças britânicas relacionam-no também com os ataques de 1998 em Moira e Portadown.
Vive um pouco na sombra do Real IRA como segunda escolha dos dissidentes do IRA.

Real IRA - NIRA

O New Irish Republican Army é um grupo terrorista radical, dissidente do IRA, formado em 1997, após a declaração do cessar-fogo e do envolvimento do Sinn Féin nas conversações de paz. É um dos grupos mais perigosos que se opõe ao acordo de "Sexta-feira Santa".
Está organizado em pequenas células e tem entre os seus líderes os maiores bombistas do Provisional IRA, tendo acesso a pelo menos metade do arsenal militar.
A polícia irlandesa diz que o Real IRA é a ala militar do recentemente formado 32 County Sovereignty Committee, uma força política republicana extremista. As duas organizações têm sede em Dundalk, perto da fronteira com a Irlanda do Norte.
Em 1994 declarou o cessar-fogo, que durou até Fevereiro de 1996.
O Real IRA reivindicou o ataque bombista de Omagh, a 15 de Agosto de 1999, que matou 29 pessoas e feriu 220. O grupo terrorista pediu desculpa pela morte de civis, clamando que pretendia apenas atingir alvos comerciais. Passado um mês, decretou novo cessar-fogo.
É também responsável por uma série de ataques, entre os quais a explosão de um carro que arrasou o mercado da cidade de Banbridge, em Agosto de 1998.
As forças de segurança estimam que o Real IRA tem entre 100 a 200 membros.

Exército de Libertação Nacional Irlandês (INLA)

Movimento à esquerda do IRA, o INLA foi criado em 1975 e tornou-se num dos grupos mais implacáveis da guerrilha republicana.
Anunciou um cessar-fogo total a 22 de Agosto de 1998 e pediu desculpas pelo assassínio de pessoas inocentes durante os 23 anos em que lutou por uma Irlanda unida. O INLA é acusado da autoria de 140 mortes.
Este pequeno grupo paramilitar é apoiado pelo IRSP, o Partido Republicano Socialista Irlandês.
Três dos dez republicanos que entraram em greve de fome que morreram em 1981 eram do INLA.