Eleições novas
com partidos novos
Terça-feira, 28 de Agosto de 2001
Dos 16 partidos que concorrem às
eleições em Timor-Leste, dez são de criação
recente, especificamente para o acto eleitoral.
Com alinhamentos ideológicos diversos e difusos os
novos partidos timorenses convergem no entanto, na maioria
dos casos, nas prioridades de actuação que pretendem
apresentar aos eleitores, com o desenvolvimento económico
e a educação da população como
as principais linhas de força programáticas.
O Partido da República Nacional de Timor-Leste (PARENTIL)
define-se fora das distinções tradicionais de
esquerda ou direita e liberal ou conservador e prefere a noção
de "democracia evolutiva" à medida da situação
de Timor-Leste.
Apresenta-se às eleições defendendo os
direitos humanos, dando prioridade à educação
das populações e apostando no estabelecimento
de boas relações com todos os países
vizinhos, incluindo a Indonésia, "olhando para
o futuro e não para o passado".
O Partido Democrático (PD) prefere não definir
orientações ideológicas e adoptar o pragmatismo
como filosofia de base, surgindo na fase final da campanha
como um dos mais fortes, mercê do largo número
de ex-quadros da resistência nas suas fileiras.
O PD pretende orientar a sua actuação pela aposta
em três pilares essenciais - democracia, educação
e economia, para a defesa das liberdades fundamentais, do
desenvolvimento social e da recuperação económica.
O Partido Democrata Cristão (PDC) assume-se como um
partido de centro direita com base de apoio centrada nas zonas
rurais.
Em termos de orientação programática,
o PDC avança ideais de "paz, democracia e tolerância"
e objectivos específicos como a criação
de bibliotecas em todo o território, assistência
médica gratuita para estudantes e no sector da economia
protecção aos empresários timorenses.
O Partido Democrático Maubere (PDM) define-se como
partido defensor de um conceito de "democracia maubere"
assente na "democracia universal" e na defesa dos
direitos humanos.
Prioridades da plataforma política com que o PDM se
apresenta às eleições são o desenvolvimento
económico, com destaque para a agricultura, que constitui
a base da economia local, a defesa da cultura timorense e
a promoção da educação.
O Partido Liberal (PL) assume-se como um partido alinhado
por uma noção abrangente de "democracia
liberal" apesar de ainda estar a definir uma orientação
ideológica concreta.
Prioridades de acção defendidas pelo PL são
a Educação, a Economia, especificamente o desenvolvimento
da agricultura, a protecção dos direitos humanos
e a criação de um corpo legislativo para Timor-Leste.
O Partido Nacionalista de Timor (PNT) apresenta-se como "nem
de direita nem de esquerda", como uma força neutra
aberta a trabalhar com todas as tendências políticas.
Economia, Educação e Saúde são
também as áreas prioritárias de actuação
avançadas pelo PNT, apostando respectivamente no desenvolvimento
industrial, no português e bahasa indonésia como
línguas de Timor-Leste, depois do Tetum como língua
nacional.
O Partido do Povo de Timor (PPT) afirma-se categoricamente
como um partido católico que defende uma governação
assente nos princípios dos 10 mandamentos.
Como linhas de força do seu programa político
o PPT apresenta a educação cívica da
população sobre o papel e o funcionamento da
Assembleia Constituinte e a criação de dois
bancos - um para Liurais e outro para o povo - para evitar
conflitos na sociedade.
O Partido Social Democrata (PSD) coloca-se ao centro do espectro
político com uma vocação de abrangência
ideológica e um corpo misto de militantes, englobando
também importantes nomes da resistência e tendo
à cabeça o ex-governador Mário Carrascalão.
O PSD pretende assumir a defesa da estabilidade em Timor-
Leste no quadro de um sistema político semi-presidencialista
como orientação de fundo tomando como instrumentos
dessa estabilidade a sustentabilidade de recursos e o combate
à corrupção.
O Partido Socialista de Timor (PST) assume-se apoiado em princípios
marxistas e leninistas, concentrando apoios nos centros urbanos.
Como linhas de orientação de fundo, o PST defende
a instituição do tetum como língua oficial
de Timor-Leste, a restauração da república
declarada pela Fretilin em 28 de Novembro de 1975, no plano
económico "um paradigma baseado na agricultura",
com modernização do sector.
A União Democrata Cristã/Partido Democrata Cristão
(UDC/PDC) situa-se na área da democracia cristã
inspirando-se fundamentalmente nos princípios da doutrina
social da igreja.
A UDC/PDC defende um sistema político semi-presidencial
"com um presidente com poderes reforçados"
e pretende dar atenção a questões de
defesa e assuntos sociais.
Na área da economia, a agricultura é assumida
como base de sustentação mas a industrialização
como objectivo a atingir, com atenção também
ao sector das pescas e à protecção da
zona económica exclusiva.
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