Vencedores
Sexta-feira, 07 de Setembro
de 2001
Frente Revolucionária de Timor-Leste
Independente
Embora longe da maioria avançada pelos
seus líderes antes das eleições (85 por
cento dos votos) e mesmo falhando por pouco a maioria de dois
terços na futura Assembleia Constituinte, a Fretilin
ganhou em todas as frentes.
Conseguiu o pleno dos deputados distritais
(o deputado independente eleito por Oecussi, onde o partido
não inscreveu a tempo o seu candidato, fez campanha
em nome da Fretilin) e no círculo nacional ganhou em
12 dos 13 distritos, com maiorias muito significativas nos
principais. Depois de algumas declarações controversas
no início da campanha, os dirigentes da Fretilin souberam
depois conter-se e colocar até bastante água
na fervura na polémica lançada pela UDT.
Percebendo que com a sua euforia pré-eleitoral
estavam a passar ao mundo a ideia de que o partido poderia
ter tendências totalitárias, os dirigentes da
Fretilin, com destaque para Mari Alkatiri, moderaram muito
as suas palavras, o que tranquilizou os observadores internacionais
e os principais responsáveis da UNTAET. Com a maioria
alcançada e com o apoio da ASDT, que lhes garante uma
maioria de dois terços dos votos na Assembleia Constituinte,
a Fretilin tem politicamente Timor nas suas mãos.
Partido Democrático
Formado há menos de um ano por jovens da ex-Renintil
(a resistência estudantil) e por conhecidos combatentes
pela independência, dentro e fora de Timor-Leste, alguns
deles vindos da Fretilin, o PD é hoje a segunda força
política de Timor-Leste, e é já apontado
como o partido do futuro. O apoio de Xanana Gusmão
ajudou muito ao resultado eleitoral alcançado, mas
a forma moderada do discurso dos seus dirigentes e a promessa
constante de que "o povo está primeiro" foram
também fundamentais. A população mais
politizada de Díli e os jovens são neste momento
a sua grande base de apoio que, por certo, não vai
parar de crescer.
Associação Social-Democrata Timorense
A ASDT é a grande surpresa destas eleições,
mesmo para os timorenses mais atentos ao processo político.
Liderada pelo primeiro presidente da Fretilin, Xavier do Amaral
- que, depois de se ter "passado" para o lado integracionista
no final dos anos 70, regressou a Timor já depois do
referendo de 1999 para apoiar o processo democrático
-, a ASDT foi o único partido que conseguiu ganhar
um distrito à Fretilin e que se intrometeu na disputa
entre o PD e o PSD pelos lugares cimeiros.
O velho Xavier do Amaral, apesar da sua passagem
pelo movimento integracionista, ainda é um homem querido
pelo povo, que não esquece o seu passado de combatente,
nem o 28 de Novembro de 1975 em que, frente ao velho palácio
colonial do governador, hoje sede da UNTAET, declarou a independência
unilateral de Timor.
Alguns anos depois, quando foi preso
pelos invasores indonésios, o povo timorense, muito
dado a lendas, conta que a terra tremeu durante três
dias. Xavier do Amaral, que entretanto retirou a candidatura
à presidência, já prometeu que apoiará
a Fretilin em todas as frentes na Assembleia Constituinte,
tornando-se assim crucial para a aprovação da
futura carta fundamental do país conforme os desejos
do partido vencedor das eleições do dia 30.
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