Os primeiros passos da mais
nova democracia do mundo
Por Luciano Alvarez
Domingo, 15 de Julho de 2001
Extinto o Conselho Nacional
timorenses, o país prepara-se para eleger uma Assembleia
Constituinte de 88 cidadãos, cujo primeiro objectivo
é aprovar a nova constituição do país.
Segue-se a marcação da eleição
presidencial e a da data da independência de Timor-Leste.
Mil cento e vinte e um candidatos em representação
de 16 partidos e 17 independentes iniciam hoje a primeira
campanha eleitoral timorense. Durante cerca de um mês
e meio estes candidatos vão lutar pelos 88 lugares
(75 eleitos a nível nacional e um por cada um dos 13
distritos) da Assembleia Constituinte, que terá como
primeiro objectivo aprovar a constituição do
futuro estado independente de Timor-Leste.
Campanha eleitoral livre. Estas três
palavras dizem muito para um povo que até agora apenas
tinha apenas ouvido falar em campanhas de socialização,
após as quais, contra natura, era obrigado a votar
para as eleições indonésias. Assim se
chamou também a campanha que levou a que, em 30 de
Agosto de 1999, os timorenses dissessem "não"
à ocupação. Nesse dia deram o primeiro
passo para a liberdade. A partir de hoje dão os primeiros
passos na democracia.
Dezasseis partidos vão tentar conquistar
o voto dos cerca de 380 mil cidadãos com capacidade
eleitoral, num universo populacional de 738 mil cidadãos.
A campanha termina a 28 de Agosto, seguindo-se um período
de reflexão de dois dias, e a 30 os timorenses vão
indicar os seus representantes, numa eleição
em que a UNTAET prevê estar apta para divulgar os resultados
no dia 9 de Setembro.
Os 88 eleitos começam então a
trabalhar na discussão a nível nacional e aprovação
da futura constituição, que só poderá
passar com uma maioria de pelo menos 60 votos.
O calendário aprovado pelo Conselho
Nacional de Timor-Leste - organismo que até agora tem
funcionado como uma espécie de parlamento transitório
e que foi ontem dissolvido(ver texto nestas páginas)
para dar lugar a uma Comissão Eleitoral Independente
-, prevê que a constituição esteja pronta
para ser promulgada até meados de Dezembro. Nessa altura
a Assembleia Constituinte mudará de nome, passando
então a chamar-se Parlamento Nacional Timorense
Será então este orgão
que, ainda sobre gestão da ONU, se manterá no
território em termos efectivos até à
declaração da independência, que, além
apreciar e votar as leis propostas pelo administrador transitório
da ONU, vai elaborar o calendário para as eleições
presidenciais e para a declaração da independência,
cuja data apontada tem sido a de 30 de Agosto de 2002.
A partir desse dia, já com um presidente
eleito e senhores plenos da governação do seu
território (a ONU deverá manter a sua presença
apenas com conselheiros e uma força militar de segurança
sob as ordens das novas Forças Armadas de Timor-Leste),
vão decidir se realizam novas eleições
legislativas para nomeação do Governo, ou se
este sairá do Parlamento Nacional, que sucederá
de uma forma automática a Assembleia Legislativa a
eleger no próximo 30 de Agosto.
São estes os passos que vão
levar à criação do mais novo país
democrático do Mundo.
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