Paramilitares
Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2002
Os grupos paramilitares de extrema-direita
surgiram durante os anos 80 como o braço armado dos
grandes proprietários de terras e dos barões
da droga, como forma de lutarem contra as acções
das guerrilhas esquerdistas. As forças governamentais
colombianas, que partilhavam com os paramilitares um inimigo
comum, ajudaram a equipar muitos destes grupos e foram muitas
vezes coniventes com as suas acções.
O surgimento destes grupos contribui de forma drástica
para o aumento da violência. Em meados de 80, os recém-criados
grupos paramilitares mataram mais gente do que os guerrilheiros
esquerdistas.
Os vários grupos foram unificados na AUC (Autodefesas
Unidas da Colômbia) em 1997, sob a liderança
de Carlos Castano. Para as AUC convergiram barões da
droga, traficantes e antigos membros das forças de
segurança, todos com o mesmo objectivo, acabar com
rebeldes esquerdistas.
Desde a sua criação, o crescimento das AUC foi
espectacular, contando actualmente com mais de nove mil homens
(15.000, de acordo com Carlos Castaño).
A AUC é actualmente responsável pela maior parte
das violações dos direitos humanos no território,
massacrando e assassinando pessoas por todo o país,
conforme denuncia o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados
no relatório de 2001. Constituídos para combater
as guerrilhas esquerdistas, os paramilitares dirigem frequentemente
ataques contra a população civil, desarmada.
Os alvos escolhidos abrangeram muitas vezes políticos,
jornalistas, sindicalistas, intelectuais de esquerda, pacifistas
e pessoas apenas suspeitas de simpatizarem com os rebeldes
marxistas. Muitos comerciantes são também presa
fácil para os paramilitares, que recebem dinheiro a
troco de não acabarem com os seus negócios.
O Presidente Pastrana mostrou-se empenhado em lutar contra
esta situação, tendo apresentado em Janeiro
do ano passado um plano de seis pontos para combater os paramilitares.
Todavia, e contraditoriamente, foi durante o seu mandato que
os paramilitares mais cresceram e os seus laços com
as forças colombianas se intensificaram, segundo acusam
diversas organizações, entre as quais a Human
Rights Watch.
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