O conflito
Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2002

O conflito na Colômbia, que entra no seu 38º ano, não parece ter o fim à vista. É esta também a opinião da esmagadora maioria dos colombianos, a julgar pela sondagem divulgada na semana passada pela estação de televisão Caracol, onde 95 por cento da população diz não acreditar que as negociações previstas para este mês tragam a paz para o país.

O pessimismo é por isso reinante e ninguém sabe muito bem onde encontrar a solução. A tarefa complica-se quando estamos a falar de um Estado onde grassa a corrupção, tem carência de quadros técnicos e superiores - a maioria dos quais procurou refúgio no estrangeiro -, um sistema judicial iníquo, etc.

Há quem advogue que um acordo de paz só poderá surgir depois de uma verdadeira guerra, pois só assim os rebeldes compreenderiam que nunca chegarão ao poder. Existem no entanto sérias dúvidas de que as forças colombianas estejam em condições de derrotar os rebeldes. Ainda assim, o preço a pagar por isto seria muito elevado, com o conflito a prolongar-se por muitos mais anos e com a perda de muitas mais vidas.

Outros preconizam que a única solução é combater as raízes do problema, que garante o apoio popular das guerrilhas: a profunda desigualdade na distribuição da riqueza do país, com grande parte da população a viver abaixo do limiar da pobreza, e a necessidade de oferecer uma alternativa à população rural, que muitas vezes encontra no negócio da droga o única forma de subsistência.
Por outro lado, a violência extrema das forças paramilitares, agrupadas desde 1997 sob a AUC, o principal responsável pela violação dos direitos humanos na Colômbia, vem colocar a muitos colombianos a seguinte questão: Será que a guerra contra os rebeldes esquerdistas, e o seu fim, conseguirá trazer a paz? Ou, nos termos em que colocou a questão o correspondente da BBC em Bogotá, será que a cura não vai ser pior que a doença?

O drama da Colômbia é de alguma forma semelhante ao de outros lugares onde existem grupos armados deste género e que estão interessados em tudo menos na paz, pois é na violência que encontram o seu alimento.

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