Palavra
de Cidadão
Quarta-feira, 3 de Outubro de 2001
Luísa Freitas
engenheira química
São João do Estoril
Num estudo publicado o ano passado, no
"Diário de Notícias" sobre a vida nas Áreas
Metropolitanas, Cascais aparecia em 15º lugar (numa lista de
18). O que mostra também como a qualidade de vida está
mal no concelho. O que fazer? Os autarcas deviam reportar aos eleitores
e não a interesses. Os cidadãos devem participar e
ter uma maior intervenção. Mas as pessoas só
conseguem alguma coisa se unirem esforços para lutar por
um ambiente melhor. Não se podem travar lutas isoladas. A
experiência mostra que as associações, os grupos
de moradores, não conseguem grande coisa quando actuam isoladamente.
Necessitam de se interligar. Não nos podemos remeter ao nosso
cantinho.
Para se melhorar a qualidade de vida tem que
se olhar o ambiente como uma preocupação. E definir
também o que é para nós essa qualidade e se
os parâmetros que estabelecemos estão de acordo com
a maioria. É uma mensagem muito difícil de fazer passar.
Cada um de nós tem de ter consciência cívica
e pensar no próximo. Enquanto isso não for assumido
por cada um de nós, só muito dificilmente a qualidade
de vida melhorará. É necessário uma participação
cada vez mais alargada dos cidadãos. É preciso também
que as pessoas apresentem propostas concretas, soluções
estudadas. O que geralmente não acontece. É necessário
que os políticos e os autarcas que nos querem governar estudem
de facto as questões que preocupam os moradores. E que os
autarcas estejam em consonância com os munícipes.
José Sá Fernandes,
advogado
Lisboa
Como melhorar a qualidade de vida de um lugar? Sendo intransigente
como o Miguel Torga e lutador pelos direitos das pessoas como o
Abranches Ferrão. Respeitarmo-nos uns aos outros e os cidadãos
sentirem que são apoiados pelas instituições
que os deviam apoiar, como a Procuradoria Geral da República,
a Inspecção Geral da Administração do
Território, as autoridades sanitárias. Instituições
que deviam estar apetrechadas para actuar rapidamente e das quais
os cidadãos esperam respostas rápidas, que não
chegam.
São sempre coisas simples as que se
podem fazer. Resolver os problemas do lixo, ordenar o trânsito
de outro modo, incrementar os transportes públicos, libertar
mais espaço para passeios e espaços verdes.
Não esquecer o respeito que se deve
aos outros quando se executam obras. Por cá faz-se tudo à
pressa e nunca respeitando os direitos dos cidadãos.
Os passeios continuam a ser invadidos por carros.
Continuam a não existir espaços verdes em Lisboa e
no Porto. Em Lisboa, plantaram-se mais parquímetros do que
árvores. Existe uma diminuição da qualidade
de vida em todo o país. Portugal está mais feio.
Os cidadãos têm vindo a aperceber-se
que a resolução passa por eles, pela sua participação.
Há um despertar da cidadania, mas é preciso dar condições
de participação ás pessoas em vez de dificultar
esse processo. Faz-se mais publicidade a um concerto ou a um fogo
de artifício do que à realização de
um inquérito público. É um direito da cidadania
saber o está previsto para uma rua, para a cidade.
Os cidadãos, por seu lado, terão
que dar um novo passo. Até agora, têm-se movimento
sobretudo quando estão contra algo. Mas é preciso
passar para a fase do "eu quero".
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