Palavra de Cidadão
Quinta-feira, 6 de Setembro de 2001


José Brito, 46 anos
responsável financeiro da Emar
Portimão

"Reclamando. Só apontando as coisas más é que podemos corrigir o que está errado. Temos de ser mais exigentes e só assim se melhora. Por vezes, surgem reclamações que parecem não fazer sentido no momento, mas a alteração de sistemas de procedimentos ou de mudança tecnológica acaba por as tornar pertinentes e mesmo necessárias. Foi assim com os pagamentos por multibanco, por exemplo.

Uma mudança introduzida pela Emarp - Empresa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão resultou das reclamações dos clientes sobre a forma de pagamento por transferência bancária. O processo foi simplificado e, em vez de duas deslocações adicionais do cliente entre o banco e os serviços para o carimbo numa folha, passou a empresa a confirmar o NIB do cliente através de um cheque da sua conta. Para isso foi criado também um programa."


Elsa Henriques, 39 anos
docente universitária no Instituto Superior Técnico
Lisboa
"As empresas devem sentir-se parte do sistema científico e tecnológico nacional e recorrer a ele, para, por exemplo, mexer na sua linha de produção e aumentar o seu volume, quer seja por a empresa sentir uma forte pressão do lado dos custos ou simplesmente pressão por parte de um mercado mais competitivo.

As empresas não podem recorrer apenas à universidade quando algo não corre bem - é uma atitude reactiva em vez de pró-activa. Por outro lado, a ponte entre ambas deve ser feita através das infra-estruturas tecnológicas, porque a vocação de I&D [investigação e desenvolvimento] das escolas deve ser livre para poder investigar até o intestino da pulga, se quiser, e não para responder directamente às necessidades da indústria.

As infra-estruturas tecnológicas são muitas vezes participadas na sua gestão pelas universidades e pelas empresas, têm quadros próprios, planos estratégicos e devem canalizar os seus esforços para resolver as necessidades das empresas. Pela sua ligação às universidades, sorvem destas a assistência científica. As infra-estruturas tecnológicas podem ajudar a resolver problemas intangíveis nas empresas, como é o caso da vigilância tecnológica. A atitude constante de vigilância das inovações dos produtos, tecnologias e conhecimento faz parte da sua própria natureza.

As universidades também fazem pouco uso da relação com estas entidades. Podem utilizá-las para estágios dos seus formandos, para trabalhos, mestrados e doutoramentos. É uma relação biunívoca com benefícios para ambos os lados."


Pedro Antão, 31 anos
consultor formador
Lisboa

"As empresas devem procurar pessoas no mercado cujo perfil profissional não seja determinado por uma função, mas sim pela respectiva capacidade e competências - as que tem e as que pode desenvolver. Há empresas que já procuram os seus quadros, numa atitude de recrutamento permanente e de detecção do seu potencial, em que os primeiros anos servem para a empresa e o trabalhador perceberem qual será, mais tarde, a sua função.

As empresas devem também criar um conjunto de serviços e produtos, por via da formação, que melhorem a motivação, a satisfação dos seus recursos humanos e o próprio conhecimento da organização, desde o momento do recrutamento, através de entrevistas de integração e respectivo acompanhamento, ao sistema de recompensas e gestão de carreiras, por exemplo.

Se dotarmos as pessoas com competências, para melhorarem a sua função, estamos a criar condições para que a produtividade aumente e a organização melhore. No entanto, o trabalhador não pode aprender, se depois não pode aplicar o que aprendeu. A empresa tem de dar condições para que isso se verifique: passam pela sua própria organização e pela forma como é gerida."


 

   

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