|
2002
"Devia Ser o Ano da Grande Pedagogia"
Por Lurdes Ferreira
Quarta-feira, 5 de Setembro de 2001
Os manuais bem dizem que, embora a produtividade
esteja muito ligada à qualificação da mão-de-obra,
depende também, entre muitos outros factores, da modernização
da organização do trabalho, do aumento do investimento
público e privado em I&D (investigação
e desenvolvimento) e em inovação, da descentralização
da tomada de decisões, da promoção da cooperação,
da integração social dos trabalhadores imigrantes,
do recurso à economia digital e exploração
dos seus ganhos de eficiência e do reforço da utilização
das tecnologias digitais na administração pública.
Como os portugueses passam a ser trabalhadores produtivos quando
emigram, os manuais devem ter mesmo razão.
O secretário de Estado da Indústria,
Comércio e Serviços, Ribeiro Mendes, que representa
o Ministério da Economia nesta discussão, olha para
o esforço em curso no CES como uma "pedagogia conjunta
a três", entre Estado, trabalhadores e patrões,
e defende que 2002 "devia ser o ano da grande pedagogia"
sobre a produtividade: "Porque se há uma consciência
colectiva de que é um ponto nevrálgico, não
há a mesma consciência sobre o que cada um pode dar
nem os caminhos concretos desse contributo."
De fora, uma realidade concreta não
pára de pressionar: apenas 20 por cento da população
portuguesa tem educação secundária elevada
ou superior, quando a média da OCDE é de 60 por cento;
o inquérito comunitário à inovação,
em 1998, diz que o país é o que menos inova na indústria,
entre os Quinze, e que investe pouco em investigação
e desenvolvimento: a indústria portuguesa afecta 1,6 por
cento das suas receitas à I&D, o que é metade
da média europeia; a OCDE constatou também que Portugal
tem um baixo grau de inovação organizacional nas empresas;
e, segundo o Eurostat, apenas um quarto das suas exportações
correspondem a produtos de alto valor, quando a média europeia
é de 40 por cento e a da Irlanda de 60 por cento.
|
|
|