Palavra aos Cidadãos
Segunda-feira, 17 de Setembro de 2001


Timóteo Macedo
Associação Solidariedade Imigrante
Lisboa

A política económica e social portuguesa leva inevitavelmente ao aumento de tensão entre as comunidades de imigrantes/minorias étnicas e portugueses. Nos bairros degradados e nas regiões metropolitanas, as minorias procuram exorcizar a marginalização e a segregação a que são votados e a tensão não pára de crescer. Para conter e manter as políticas económicas e sociais, o Governo usa então a pior das terapias, aumentando o efectivo dos corpos policiais. A verdadeira inserção dos imigrantes e minorias passa, necessariamente, entre outras, pelas seguintes medidas: permitir a igualdade de oportunidades e implementar o respeito pela vivência na diversidade; atribuir a todos os imigrantes a autorização de residência, para que possam ter acesso aos mais elementares direitos, nomeadamente ao crédito bancário; possibilitar o exercício de funções para as quais têm habilitações próprias e a frequência de cursos profissionais e universitários; facilitar o casamento e o reagrupamento familiar; proporcionar uma habitação condigna, o direito ao voto, ao trabalho, à segurança social, etc.. Estes são os primeiros passos para que todos, sem qualquer preferência ou discriminação, possam exercer os seus direitos de cidadania.


Timóteo Maia,
50 anos
engenheiro electrotécnico
Lisboa

A actual falta de trabalhadores nacionais para a execução de determinados tipos de tarefas tem induzido a necessidade de nos socorrermos do trabalho imigrante. Este tem sido fornecido através de três fluxos principais - África de Expresão Portuguesa (com especial incidência de Cabo Verde e Angola), Brasil e, mais recentemente, Países de Leste. Cada uma destas três comunidades apresenta características próprias, pelo que as medidas de integração devem ter isso em conta. De qualquer forma, em termos gerais sou da opinião que deveriam ser accionadas as seguintes acções: 1) Criação de cursos pós-laboral de ensino de português (já existem mas são pontuais e, se não se apostar decisivamente no conhecimento da língua, nunca se chegará à integração); 2) Realização de cursos de formação profissional para possibilitar a aquisição de conhecimentos técnicos e de higiene e segurança no trabalho que muitas vezes é do total desconhecimento dos trabalhadores e propiciador de graves acidentes de trabalho; 3) Reagrupamento de famílias, em especial, cônjuge e filhos menores com a obrigatoriedade de frequência das escolas oficiais; 4) Incentivo à formação de associações culturais, recreativas e desportivas.


 

   

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