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Palavra
de Cidadão
Segunda- feira, 17 de Setembro de 2001
Luís Bouça
31 anos
Economista
Oliveira do Bairro - Aveiro
"Educar e esclarecer as pessoas
é essencial para que o acesso ao crédito se faça
de forma consciente, racional e com um risco controlado. Tanto mais
que o crédito a taxas reduzidas é algo recente na
sociedade portuguesa e ainda se está em fase de aprendizagem",
afirma Luís Bouça. O papel do Governo nesta área
deveria passar sobretudo pela realização de campanhas
de sensibilização e controlo da publicidade, defende.
Na sua opinião seria também fundamental que os bancos,
vocacionados para pressionar os clientes no sentido de estes recorrem
ao crédito, fossem mais esclarecedores em relação
aos produtos financeiros que comercializam. A banca comete exageros
que deviam, de alguma forma, ser fiscalizados pelo Governo, sustenta.
Luís Bouça considera ainda que o facto de os portugueses
estarem endividados sobretudo no segmento do crédito à
habitação torna a situação menos grave,
já que os bens imóveis são normalmente vistos
como um bom investimento. Além disso, são uma segurança
para a banca, que também corre risco quando concede crédito.
O economista vê como muito positiva a democratização
do acesso ao crédito, já que assim se consegue mais
rapidamente atingir um nível de vida que anteriormente só
era possível após longo anos de trabalho.
Alberto Jorge Prata
Economista e empresário
O nível de endividamento dos portugueses
"é excessivo" e "preocupante" tendo em
conta que o rendimento disponível para as despesas do dia-a
dia, após o serviço da dívida, é baixo,
defende Alberto Jorge Prata. Na opinião do economista, autor
do livro "Para onde vamos? Um olhar sobre o Mundo actual",
editado pela Plátano Editora, há dois grandes responsáveis
pela situação, os bancos e o Estado. Os primeiros
por acção e o segundo por omissão. Os bancos
continuam a aliciar os cidadãos para tudo o que é
produto financeiro, muitas vezes sem explicarem devidamente todas
as obrigações e consequências, considera Alberto
Jorge Prata. Para sua própria protecção, as
instituições de crédito deveriam ter sido "mais
prudentes", sublinha. Quanto ao Governo, o economista defende
que foi omisso porque não cumpriu o seu papel pedagógico
de alertar para a situação e podia tê-lo feito
sem que com isso estivesse a intervir no mercado. Ou seja, esteve
mais preocupado com o curto prazo, no sentido em que olhou apenas
para os impostos que poderia arrecadar com aumento do consumo e
com o impacto que a procura interna teria no crescimento da economia.
Alberto Prata afirma ainda que o Estado ou os organismos por ele
controlados deveriam estar mais atentos ao conteúdo da publicidade
feita pelos bancos.
O economista aconselha os cidadãos a
analisarem de forma mais crítica as proposta que lhes são
feitas pelas instituições bancárias e a estarem
mais atentos à sua solvabilidade. Não é que
os bancos portugueses estejam em risco de falência - o que
não é previsível que aconteça, salvo
se houver uma forte desvalorização do mercado imobiliário
-, mas há que estar atento, defende.
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