Diário da guerra - dia 23 A Casa Branca deu formalmente por "desaparecido" o regime de Saddam Hussein. Com a queda da terceira maior cidade do país, Mossul, no Norte falta apenas conquistar Tikrit, a terra natal do Presidente, de onde são naturais a maior parte dos que integravam o seu círculo próximo. Em Bagdad, depois de mais um dia de pilhagens e desordem, começaram a surgir milícias de autodefesa em vários bairros. O museu arqueológico da capital, o mais importante do Iraque, foi alvo de saque. Representantes da Cruz Vermelha e "marines" disseram ter chegado a um acordo para tentar restabelecer a lei e a ordem na cidade. À entrada dos curdos em Mossul, seguiram-se as pilhagens, como acontecera na véspera em Kirkuk. A Turquia vai enviar 15 observadores militares para acompanhar a evolução da situação no Norte do Iraque, no âmbito de um acordo com os EUA. Washington confirmou uma reunião de "iraquianos livres vindos das zonas libertadas" e da oposição no exílio para terça-feira em Nasiriya, no Sul do país. Jay Garner, nomeado pelo Pentágono líder da equipa que irá administrar o Iraque até à formação de um governo local, entrou pela primeira vez no país, visitando a cidade portuária de Umm Qasr, perto da fronteira com o Kuwait. As forças britânicas querem restaurar a ordem em Bassorá, a segunda cidade do país, no Sul, até segunda-feira, e mudar a natureza da sua missão para "uma operação de segurança interna". Mais a norte, a 150 quilómetros de Bagdad, a situação continua tensa em Najaf, onde na véspera foi assassinado Abdul Majid al-Khoei, um opositor religioso xiita, num ataque que fez seis mortos. Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam, foi morto quando a sua casa, em Ramadi, a cerca de 100 quilómetros da capital, foi bombardeada por aviões da coligação anglo-americana. O general Vincent Brooks, porta-voz do Comando Central americano, no Qatar, anunciou a existência de uma lista de 55 figuras do regime que devem ser capturadas ou mortas. Baralhos de cartas com as suas caras serão distribuídos aos soldados que se encontram no terreno. O líder supremo iraniano, ayatollah Ali Khamenei,
descreveu a intervenção militar anglo-americana como uma
agressão contra o islão, apesar de se congratular pelo fim
do regime de Saddam. |