Diário da guerra - dia 18 O secretário adjunto americano da Defesa, Paul Wolfowitz, estimou ontem que o processo de transferência de poderes para um novo governo iraquiano levará mais de seis meses. Admitiu, ao mesmo tempo, que a presença militar americana no país poderá prolongar-se, a exemplo do que aconteceu na Alemanha depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Os nossos objectivos são transferir a autoridade e as operações a um governo iraquiano o mais depressa possível, não a uma autoridade exterior, mas ao povo iraquiano, garante o número dois do Pentágono. As forças americanas começaram a fechar o cerco em redor de Bagdad, assegurando que o regime de Saddam Hussein não tem já quaisquer possibilidades de defesa ou fuga. No interior da cidade as pessoas saem cada vez menos às ruas, que ficam desertas ao cair da noite. O Governo decretou uma espécie de recolher obrigatório, proibindo as entradas e saídas da cidade entre as seis da noite e as seis da manhã. O primeiro avião americano aterrou já no aeroporto da capital, onde os soldados começaram a chegar na sexta-feira. As tropas britânicas entraram finalmente em Bassorá, a segunda maior cidade do país, cercada há duas semanas. Iraquianos exilados começaram a ser aerotransportados para algumas zonas do Sul para se juntarem às forças angloamericanas. O primeiro grupo está junto a Nasiriyah. Mais acima, em Salman Pak, a 32 quilómetros de Bagdad, soldados americanos entraram no que pensam ser um campo terrorista. Em mais um aparente incidente de fogo amigo, aviões americanos atacaram uma coluna de combatentes curdos onde seguiam também membros das forças especiais americanas a sudeste de Mossul. Pelo menos 18 pessoas terão morrido e 45 ficado feridas. Também no Norte, mais de mil combatentes curdos entraram na cidade de Ain Sifni. Uma coluna de veículos onde viajava o embaixador
de Moscovo no Iraque foi atacada pouco depois de abandonar Bagdad em direcção
à fronteira com a Síria. O Kremlin exige que o incidente
seja investigado e os responsáveis punidos. |