Diário da guerra - dia 17

O comandante da campanha aérea norte-americana, general Michael Moseley, declarou que as unidades da Guarda Republicana que protegiam as redondezas de Bagdad foram esmagadas por intensos bombardeamentos aéreos. “O exército militar como uma defesa organizada em grandes formações de combate já não existe.”

Dezenas de blindados e carros de combate Abrams americanos entraram pela primeira vez em Bagdad, aproximando-se do centro da cidade. Houve combates violentos que poderão ter feito mil mortos entre as forças iraquianas. A coluna entrou pela auto-estrada do Sul, avançou para norte ao longo do rio Tigre e quando estava a menos de 10 quilómetros do centro, regressou para o aeroporto. O regime iraquiano garante ter retomado o aeroporto da capital, tomado na véspera pelas forças americanas. Milhares de pessoas continuam a abandonar a cidade.

Ao cair da noite, as bombas voltaram a atingir o centro de Bagdad, com uma a cair perto do Hotel Palestina, onde muitos jornalistas estão instalados e decorrem todos os dias as conferências de imprensa do ministro da Informação.

O ORHA [Departamento de Reconstrução e Assistência Humanitária do Pentágono] no Iraque vai mudar-se, já a partir dos primeiros dias da semana, para áreas no Iraque relativamente pacíficas, como Umm Qasr, no que serão os primeiros passos para a criação de uma administração civil no Iraque do pós-guerra.

As forças britânicas continuam a combater para chegar ao centro de Bassorá, a grande cidade do Sul do Iraque, cercada há uma dezena de dias. Uma incursão com tanques levou os soldados a avançarem mais dois ou três quilómetros em relação à linha da frente onde se encontravam. A 101ª Divisão Aerotransportada americana lançou um ataque contra Kerbala, a menos de 100 quilómetros de Bagdad, onde se travam combates rua a rua.

Forças britânicas anunciaram a descoberta dos restos mortais de pelo menos 200 pessoas em Zubair, cerca de 25 quilómetros a sudoeste de Bassorá, aparentemente assassinadas no local há vários anos.

No Norte, os guerrilheiros curdos conseguiram cortar as saídas a sul de Kirkuk com a ajuda das forças americanas e avançar em direcção a Mossul. Os combatentes “peshmerga” afirmaram ter capturado a cidade de Domiz, depois de combates de artilharia com as tropas iraquianas.

O Presidente George W. Bush teve ontem um “conselho de guerra” em Camp David, reunindo-se entre outros com o vice-presidente Dick Cheney, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld, o seu adjunto Paul Wolfowitz, o secretário de Estado Colin Powell e a Conselheira para a Segurança Nacional Condoleezza. Pela manhã, Bush falou ao telefone com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e com o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar. No seu discurso radiofónico semanal, Bush prometeu que as “atrocidades do regime” de Saddam Hussein serão julgadas.