Diário da guerra - dia 15

Bagdad ficou às escuras pela primeira vez desde o início desta guerra. As tropas da coligação, que se encontravam a dez quilómetros da capital, concentravam-se numa batalha pela tomada do aeroporto da capital que fez "dezenas de mortos e feridos".

As tropas da coligação anunciaram que estavam a avançar para o centro da cidade santa de Najaf, no Sul, acrescentando que apesar de alguma resistência, a maior parte dos "Fedayin" de Saddam teriam abandonado a cidade.

O ministro da Defesa britânico, Geoff Hoon, anunciou que tinham sido feitos 9000 prisioneiros de guerra iraquianos.

Um helicóptero norte-americano Black Hawk que se despenhou perto de Kerbala terá provocado "vítimas" na sua queda, indicou o Comando Central dos EUA, falando em seis mortos entre os 11 tripulantes. A sua queda não deverá ter sido resultado de fogo inimigo, disse ainda o Centcom.

A televisão iraquiana mostrou ontem imagens de um avião, dizendo que se tratava de um aparelho norte-americano abatido em Bassorá, sem dar a data precisa da sua queda.

O Presidente norte-americano, George W. Bush, disse: "O cerco aperta-se sobre Bagdad, o regime norte-americano aproxima-se do seu fim".

As forças britânicas disseram que, em Bassorá, a segunda cidade iraquiana, existia apenas uma defesa esporádica por parte das tropas de Saddam.

Um porta-voz do Ministério britânico da Defesa admitiu que estavam a ser usadas bombas de fragmentação, embora negasse a sua utilização na cidade de Bassorá e à sua volta.

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, defendeu que o papel da ONU no pós-guerra no Iraque "existe, mas ainda está por definir". Powell insistiu ainda, numa reunião com a Rússia e a NATO em Bruxelas, na primazia dos EUA na reconstrução do Iraque.

Residentes em Bassorá mostraram ao exército e jornalistas o luxuoso palácio de Ali Químico, agora abandonado e saqueado pelos iraquianos.

Um avião F/A-18 Hornet do exército dos EUA que caiu na quarta-feira pode ter sido atingido por um míssil Patriot, disse o Comando Central norte-americano em Doha, dizendo que o incidente ainda está a ser investigado.

A estação de televisão Al-Jazira, com sede no Qatar, suspendeu a cobertura da guerra no Iraque como protesto pela decisão de Bagdad de impedir dois dos seus enviados de trabalhar na cidade, pedido mesmo a um deles que se retirasse da capital iraquiana. A Al-Jazira porá no ar imagens de Bagadad, Mossul e Bassorá, mas não emitirá trabalhos jornalísticos.

A localidade curda de Khabat, perto de Mossul, foi alvo de vários tiros de morteiros iraquianos, matando um homem e deixando vários feridos.