Diário da guerra - dia 12

Membros da família de Saddam Hussein tentaram fugir do Iraque, disse ontem ao fim do dia a porta-voz do Pentágono, Victoria Clarke: "Temos indicações segundo as quais membros da família deixaram o país ou tentaram fazê-lo."

O Comité Internacional da Cruz Vermelha visitou prisioneiros de guerra iraquianos detidos pelas forças da coligação no sul do Iraque. É a primeira vez que a organização efectua uma visita desde o início do conflito. Como sempre, a Cruz Vermelha não tornou públicas as conclusões dos delegados, garantindo no entanto que inspeccionou o campo "minuciosamente". A organização tem pedido insistentemente estas visitas a ambos os lados do conflito.

A televisão iraquiana mostrou imagens de Saddam Hussein, reunido com vários membros do seu círculo próximo, incluindo os seus dois filhos, Uday e Qusay. É a primeira vez que o mais velho, Uday, encarregado da defesa de Bagdad e Tikrit, aparece desde o início da guerra.

As forças aliadas detiveram já cerca de 8.000 prisioneiros de guerra iraquianos, disse o ministro da Defesa britânico, Geoff Hoon, ao parlamento. Hoon acrescentou que até agora não tinha havido deserções de políticos ou militares iraquianos de alta patente.

Tropas norte-americanas da terceira divisão de infantaria travaram o primeiro combate com unidades da força de elite Guarda Republicana, em Hindiya, à margem do Eufrates, a cerca de 80 quilómetros de Bagdad. Segundo as forças norte-americanas, muitos iraquianos e pelo menos um norte-americano morreram nos combates intensos.

O Comando Central norte-americano desmentiu rumores segundo os quais as forças dos Estados Unidos se preparavam para enviar os iraquianos suspeitos de actividade paramilitar para a base militar norte-americana de Guantanamo, em Cuba.

As forças iraquianas afirmaram ter destruído 13 tanques da coligação, quatro helicópteros Apache e vários outros veículos militares. Segundo o ministro da Informação, Mohammed Said al-Sahaf, as tropas leais a Saddam mataram 43 soldados aliados durante o dia de ontem.

As forças da coligação lançaram um ataque cujo objectivo era atingir o general conhecido como "Ali Químico". O ataque a Shatra, norte de Nasiriyah, seguiu-se a uma informação que dizia que provavelmente o general Ali Hassan al-Majid se encontrava na localidade.

Em Bassorá, principal cidade do sul do Iraque, começou já a "verdadeira" batalha: as operações militares recorreram, pela primeira vez, a assaltos terrestres.

A Síria reafirmou o seu apoio ao Iraque após um aviso do secretário de Estado norte-americano Colin Powell para que não apoiassem Saddam. Em resposta, o comunicado de Damasco foi claro: "A Síria escolhe estar com o consenso popular e oficial que diz 'não à agressão contra o Iraque, não ao bombardeamento de cidades a à morte de pessoas".