Diário da guerra - dia 11

Estrategas citados pela revista “New Yorker” acusam o secretário da Defesa americano de ter ignorado sucessivos avisos em relação à ligeireza das forças mobilizadas no Iraque e de ter recusado adiar o início da ofensiva até que o contingente que deveria ter entrado pela Turquia chegasse ao Kuwait. Donald Rumsfeld garante que o plano em marcha é o mesmo desde o primeiro dia e que “foi aprovado por todos os que o viram”.

No terreno, a capital iraquiana foi ontem alvo dos mais intensos e pesados bombardeamentos desde que a guerra começou. Ao fim do dia, quatro mísseis atingiram o centro do Bagdad.

Forças britânicas capturaram, perto de Bassorá, as mais altas patentes iraquianas desde que início da campanha: cinco altos oficiais iraquianos. Um coronel da Guarda Republicana foi morto. Milhares de “marines” americanos lançaram missões de “detecção e destruição” a partir de Kerbala para norte, tentando limpar as estradas que levam a Bagdad.

No Norte do país, forças aliadas atacaram posições iraquianas em Kalac. Um comandante curdo assegurou que “o exército iraquiano está acabado”. Sírios chegaram a Mossul para combater contra a coligação. A Al-Jazira mostrou imagens dos voluntários, munidos de armas e retratos do Presidente iraquiano. “Venham todos, árabes, combater por esta terra e sacrificar a vossa alma pelo Islão.”

Enquanto as atenções estão concentradas no avanço das tropas a partir do sul, forças especiais americanas mobilizaram-se dis-cretamente no Oeste do país, onde instalaram pistas de aterragem e outras bases. O Comando Central americano revelou que estas unidades atacaram durante a noite de sexta-feira para sábado uma base de comandos iraquianos.

Um homem envergando roupas civis conduziu uma carrinha de caixa aberta contra um grupo de soldados que se encontravam à porta de um armazém na base militar de Camp Udairi, no Kuwait, ferindo 15 pessoas.

As autoridades iraquianas reafirmaram a intenção de prosseguir com os ataques suicidas e garantem que mais de quatro mil árabes estão a chegar ao país dispostos ao martírio.

 

O chefe do Estado- Maior Interarmas dos EUA, general Richard Myers, recusou ontem “fazer prognósticos sobre a duração do conflito”. Fontes militares citadas pelo “Washington Post” admitem, tendo em conta os reveses no terreno e as semanas que ainda faltam para que cheguem ao Kuwait todos os reforços e equipamentos mobilizados, que a campanha pode arrastar-se até ao Verão.

O comandante máximo da guerra no Iraque, o chefe do Comando Central americano, general Tommy Franks, desmentiu uma pausa nas operações e descreveu a campanha em curso como “verdadeiramente notável.”