Diário da guerra - dia 9

Depois de ter sofrido um dos piores dias de bombardeamentos desta guerra, Bagdad foi novamente atingida numa zona civil. Mísseis disparados pelas forças anglo-americanas caíram ao princípio da noite num mercado, provocando entre 30 e 50 mortos. Antes, durante o dia, os “raides” visaram a sede do partido Baas, provocando a morte de pelo menos oito civis, os quartéis da Guarda Republicana e centros de telecomunicações. O Comando Central americano explicou estar “a degradar a capacidade do regime de comandar e controlar as acções das forças militares iraquianas”.

No Sul do país, depois de dois adiamentos, chegou finalmente ao porto de Umm Qasr o primeiro navio com ajuda humanitária. As 332 toneladas de comida e água que carrega ainda não começaram a ser distribuídas devido aos combates que prosseguem nos vários destinos possíveis para esta ajuda.

 

Mais acima, Bassorá, a segunda maior cidade do Iraque, continua sob cerco das forças anglo-americanas. No interior, milícias iraquianas resistem, tendo ontem atirado sobre civis que tentavam fugir. Centenas de famílias foram apanhadas entre fogo cruzado. Soldados americanos e britânicos continuam sem conseguir entrar em Nasiriyah, Najaf e Kerbala, as grandes cidades do Sul no caminho até Bagdad.

As tropas terrestres norte-americanas não registam grandes avanços, estando a engrossar o contingente da frente que permanece a 80 quilómetros da capital. O secretário da Defesa norteamericano, Donald Rumsfeld, admitiu que poderão cercar Bagdad antes de qualquer ofensiva no centro da cidade.

 

Na ainda inexistente “frente Norte” da guerra, combatentes curdos continuam a avançar em direcção a Kirkuk, ocupando posições que vão sendo abandonadas por soldados fiéis ao Presidente iraquiano.

O Pentágono fez mais um balanço das baixas, colocando o número de mortos entre as forças norte-americanas em 28.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou, por unanimidade, o recomeço do programa “Petróleo por Alimentos”, que utiliza verbas da venda do petróleo iraquiano para comprar alimentos e medicamentos. A partir de agora, segundo explicou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, são a situação militar e as condições de segurança que vão determinar a rapidez da chegada do “staff” da ONU ao terreno.

Os protestos contra a guerra continuam a ritmo diário. No Irão, pela primeira vez desde o início da intervenção militar anglo-americana no Iraque, dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se contra as lideranças dos EUA, Reino Unido e Israel.

O chefe do Estado Maior Interarmas norte-americano garante que, nove dias depois do arranque da “Operação Liberdade Iraquiana”, Saddam Hussein já não controla “entre 35 e 45 por cento” do território iraquiano.