Diário da guerra - dia 8 Depois de na véspera ter sido anunciado o envio para o Golfo Pérsico da 4ª Divisão de Infantaria e de outras unidades num total de 30.000 homens, o Pentágono anunciou ontem que o envio de mais forças ainda estacionadas nos EUA vai chegar aos 120.000 soldados. No Norte do Iraque, as forças da coligação começam a preparar-se para abrir uma nova frente, depois de um milhar de soldados da 173ª Brigada Aerotransportada norte-americana ter aterrado de pára-quedas em solo iraquiano. Também no Norte, as milícias curdas entraram em acção, tendo combatido contra uma posição iraquiana junto à linha de demarcação entre o Curdistão autónomo e o território controlado por Bagdad. A artilharia antiaérea iraquiana de Bagdad entrou em acção várias vezes ao longo do dia de ontem. Os bombardeamentos anglo-americanos concentraram-se na periferia sul da capital, onde se encontra um importante campo militar. Ao todo, os aviões da coligação realizaram 600 saídas. No terreno, os “marines” norte-americanos, aproveitando uma melhoria das condições atmosféricas, continuavam a progredir em direcção a Bagdad. No Sul do país, as forças britânicas travaram a saída de vários blindados iraquianos de Bassorá. Desta cidade xiita começaram também a sair milhares de civis que fogem das bombas e procuram água para beber. Várias unidades da 101ª Divisão Aerotransportada norte-americana entraram no Iraque a partir do Kuwait. Na região de Najaf e Kerbala, duas cidades santas xiitas situadas uma centena de quilómetros a sul de Bagdad, ocorreram violentos combates entre as forças da coligação e os primeiros elementos da guarda presidencial iraquiana. Treze pessoas foram mortas e 56 ficaram feridas nos bombardeamentos angloamericanos contra estas duas cidades. Em Nasiriyah, pelo menos 37 “marines” americanos ficaram feridos por “fogo amigo”. O Presidente norte-americano, George W. Bush, e o primeiroministro britânico, Tony Blair, reafirmaram a sua determinação em derrubar o regime de Saddam Hussein. Os dois líderes insistiram na necessidade de retomar o mais depressa possível o Programa “Petróleo por Alimentos” e ambos afirmaram que vão procurar obter uma resolução das Nações Unidas para garantir assistência humanitária ao povo iraquiano e “instaurar uma administração apropriada no pósguerra” no Iraque. O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Dominique de Villepin, afirmou que a ONU “deve estar no centro da reconstrução e da administração do Iraque”. A ajuda humanitária tarda a chegar: veículos com rações alimentares do Crescente Vermelho do Kuwait acabam nas mãos de iraquianos que os “desviaram” e o navio britânico “Sir Galahad” com alimentos, água e cobertores teve de adiar mais uma vez a sua chegada ao porto de Umm Qasr por causa de duas minas no seu caminho. |