Diário da guerra - dia 7 A progressão das forças aliadas em direcção a Bagdad continuava ontem a ser travada por tempestades de areia e por combates de guerrilha urbana em diversas cidades. Várias unidades de “marines” estão a menos de cem quilómetros de Bagdad mas o avanço é lento. Um comunicado militar iraquiano anunciou ontem que o primeiro confronto com a Guarda Republicana ocorreu no Médio Eufrates. “Foram mortos muitos soldados americanos ou britânicos”, disse. Segundo a CNN, uma coluna de mil homens da Guarda Republicana, com blindados e armamento pesado, saiu ontem à noite de Bagdad em direcção à cidade de Najaf. Em Najaf (sul), as tropas americanas mataram 1000 combatentes iraquianos ao longo das últimas 72 horas, declarou ontem um oficial americano. “Quanto mais nos aproximamos de Bagdad, melhores são as tropas iraquianas”, disse o cabo Ryan Bonzell, de 22 anos. “Saddam teve 12 anos para se preparar para a segunda guerra do Golfo. Ele previu tudo e preparou tudo”. O Presidente norte-americano George W. Bush declarou que as forças anglo-americanas estão a fazer “bons progressos”, mas avisou que a guerra “ainda não acabou” e que o caminho para a vitória é “longo”. Bush garantiu que, a cada dia que passa “Saddam vai perdendo cada vez mais o controlo do seu país”. Ontem e hoje, Bush realiza uma cimeira com o primeiro-ministro britânico Tony Blair. Este último deseja uma reconciliação internacional para envolver a ONU no pós-guerra do Iraque. De manhã, a queda de pelo menos dois mísseis, alegadamente norte-americanos, numa rua comercial de Bagdad terá provocado pelo menos 14 mortos e mais de 30 feridos. Só ao fim do dia é que o Comando Central, sediado no Qatar, admitiu que as forças da coligação tinham utilizado mísseis de precisão para atacar instalações de mísseis iraquianos situadas perto de uma zona residencial de Bagdad. Fontes hospitalares, citadas pela AFP que diz ter confirmação independente dos números, referem que perto de um milhar de pessoas já foram feridas em Bagdad ao longo de uma semana de bombardeamentos intensivos. As forças americanas já fizeram mais de 4000 prisioneiros de guerra iraquianos. A televisão árabe Al-Jazira, do Qatar, transmitiu imagens de dois soldados mortos e de dois presos de guerra, que disse serem britânicos. O secretário de Estado norte-americano Colin Powell acusou esta televisão de falta de objectividade. O director-geral do Fundo Monetário Internacional, Horst Koehler, considerou ontem que não é de excluir uma recessão mundial no caso de uma guerra prolongada. |