MOAB - A "Mãe de Todas as Bombas"

Domingo, 16 de Março de 2003

De todos os instrumentos de morte concebidos até hoje, a MOAB é provavelmente o que combina mais a sofisticação com o poder de destruição. Foi apresentada na terça-feira na Florida e surpreendeu pelo seu porte, as suas características, o seu perfil ameaçador; e, sobretudo, pela possibilidade de vir a ser usada numa guerra contra o Iraque.

Com um comprimento de 7,6 metros e um diâmetro de 1,5 metros, e um peso de 9,525 quilos, o engenho, cuja sigla significa "Massive Ordnance Air Burst", qualquer coisa como Munição de Explosão Atmosférica Maciça, ultrapassa em técnica e poder devastador da BLU-82, a "Daisy Cutter", a cortadora de margaridas, que vietnamitas, iraquianos e afegãos já experimentaram. Ou seja, precede imediatamente em todos os aspectos a bomba nuclear.

A "mãe de todas as bombas", como já lhe chamam, foi pensada e fabricada no Centro de Armamento Aéreo da Força Aérea dos Estados Unidos, em Eglin, na Florida, para ser anunciada num prazo maior do que 11 de Março. Mas a Casa Branca antecipou a sua apresentação de modo a ter uma forma suplementar de pressão contra Bagdad. "O objectivo é contar com uma capacidade de destruição tão grande que os iraquianos não tenham vontade de lutar contra nós", disse o secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, numa conferência de imprensa conjunta com o general Richard Myers.

A MOAB, mais volumosa que a BLU cerca de 2725 quilos, pode ser lançada por qualquer dos bombardeiros que os norte-americanos já têm no Golfo - os de asas futuristas B-1 e B-2, ou os clássicos B-52, da Base de San Diego, ou Hércules C-130. Próxima do objectivo, é largada de uma altitude próxima dos 10 mil pés, assente numa plataforma suspensa num pára-quedas, seguindo depois, veloz, pintada de verde e laranja, assim que receber ordem para isso, para o objectivo.

A "mãe" das bombas sabe para onde tem de ir por ser dotada do sistema que equipa hoje a maior parte das bombas americanas ditas "inteligentes". Enquanto ainda está presa ao avião, recebe dele, e guarda num pequeno computador, as coordenadas do alvo. Depois de disparada, segue para ele, propulsada por motores alimentados por baterias de lítio, guiada por cinco satélites.

No fim, a MOAB, cheia de uma mistura de nitrato de amónio e alumínio em pó, rebenta, espalhando a sua carga letal, que logo incendeia, através de uma onda de choque de centenas de metros. No fim, nada fica vivo ou de pé.

Fernando Sousa

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