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"Fomos Soldados", na Série Y
Quarta-feira, 24 de Março de 2004
Por VASCO T. MENEZES

No domingo de 14 de Novembro de 1965, às 10h48, o Tenente Coronel Hal Moore (Mel Gibson) e os seus soldados aterraram na Zona de Pouso Raio-X no Vale de Ia Drang, uma região no Vietname também conhecida como "O Vale da Morte". Entre os 400 membros do 1º Batalhão da 7ª. Cavalaria, o mesmo regimento do General Custer, estavam jovens rapazes, inexperientes no que toca à guerra, e veteranos com condecorações de outras batalhas. Pais, maridos, irmãos e filhos.

"Estamos a caminho do Vale da Morte, onde protegerão o homem ao vosso lado tal como ele vos protegerá. Lutaremos contra um inimigo difícil e determinado. Não posso prometer que vos levarei a todos de volta para casa, mas uma coisa prometo: quando entrarmos em batalha, serei o primeiro a entrar no campo e o último a sair. Não deixarei ninguém para trás... vivo ou morto. Voltaremos para casa juntos."

Foi com estas palavras que, um dia antes de liderar os seus homens para a guerra, Moore se dirigira aos soldados. À sua espera, cercando-os, estavam perto de 2000 combatentes norte-vietnamitas, prontos a dar início a uma dura e selvagem batalha que se estendeu por um dia e meio...

Depois de "O Caçador" (1978), clássico de Michael Cimino, o filme de guerra regressa à série Y com um objecto bastante mais recente: "Fomos Soldados" (2002). E, apesar da distância que os separa no tempo, em ambos o tema é o mesmo: a Guerra do Vietname, ferida por cicatrizar no coração da sociedade americana e trauma que, ciclicamente, Hollywood pretende exorcizar.

Desta vez, quem revisita os horrores do conflito é Randall Wallace - o realizador de uma versão recente, pejada de estrelas (Leonardo DiCaprio no duplo papel principal, John Malkovich, Jeremy Irons, Gérard Depardieu e Gabriel Byrne), de "O Homem da Máscara de Ferro" (1998), de Alexandre Dumas, e o argumentista de "Braveheart" (1995), feito que lhe valeu um Óscar. Aqui, Wallace adapta as memórias de Moore e do correspondente de guerra Joseph L. Galloway (interpretado por Barry Pepper), tal como surgem no "bestseller" "We Were Soldiers Once... And Young", onde é descrita a primeira grande batalha entre os exércitos dos EUA e do Vietname do Norte.

O resultado é um filme que consegue transmitir a brutalidade dos horrores da guerra e apresenta, como um dos maiores trunfos, um elenco sonante: para além de Mel Gibson (num reencontro com Wallace, pois o célebre "Mad Max" foi o realizador e protagonista de "Braveheart"), destacam-se as participações de Madeleine Stowe, Greg Kinnear, Sam Elliott ou Chris Klein.