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SerieY 3
"A Bela Época"
 

“A Bela Época”, de Fernando Trueba, na série Y
Por Vasco T. Meneses

 

Uma deliciosa comédia romântica, em tom de farsa, que foi recordista de bilheteiras em Espanha, conquistou o Óscar para o melhor filme estrangeiro e revelou Penélope Cruz
Vasco T. Menezes

Fevereiro de 1931, algures em Espanha... Fernando (Jorge Sanz), um soldado de ideais republicanos, foge do exército logo após a derrota da rebelião antimonárquica de Jaca. Durante meses, decidido a viver a sua própria vida, vagueia pelos montes e campos de Espanha, um país dividido entre os apoiantes da Monarquia e aqueles que anseiam pela implantação da República.

 

Um dia, Fernando é surpreendido por dois membros da Guarda Civil, que o prendem. No entanto, acaba por conseguir escapar e vai ter a uma pequena aldeia, onde, no bordel local, conhece um velho pintor liberal (que já não pinta), Manolo (Fernando Fernán Gómez). Simpatizando com o antigo seminarista (agora tornado agnóstico), Manolo oferece-lhe refúgio no seu casarão.


Mas, apesar da amizade que rapidamente se estabelece entre ambos, a chegada das filhas de Manolo — Rocio (Maribel Verdú), Violeta (Ariadna Gil), Clara (Miriam Díaz Aroca) e Luz (Penélope Cruz, no seu segundo filme, então com apenas 18 anos) —, vindas de comboio de Madrid, implica que o jovem desertor tenha de partir. O problema é que Fernando, ao deparar-se com o deslumbrante quarteto, muda de ideias e resolve engendrar uma desculpa para poder ficar em casa de Manolo. Fascinado pelas irmãs (todas elas radicalmente diferentes), vai enfrentar um difícil dilema: escolher uma entre as quatro...


Depois de “Italiano para Principiantes”, a série Y apresenta mais uma variação sobre o género da comédia romântica, agora com laivos de sátira política e social: “A Bela Época/Belle Époque” (1992), de Fernando Trueba. E a sétima longa-metragem do cineasta madrileno (que iniciou a sua ligação com o cinema nas páginas do diário “El País”, como crítico, antes de passar à realização, em meados dos anos 70) é um “feel good movie” irresistível, onde se conjugam, numa atmosfera de puro (e contagiante) prazer, um argumento engenhoso, precisão cómica, actores em estado de graça e uma realização elegante.
Rodada em Portugal, no Verão de 92, na Quinta do Bulhaco — entre Arruda e Alverca — e em Estremoz, esta co-produção entre Espanha, França e Portugal (20 por cento do custo efectivo ficou por conta do Animatógrafo, de António da Cunha Telles, participação traduzida em meios e em técnicos) bateu recordes de bilheteira em território espanhol, onde dominou a cerimónia de atribuição dos Goyas — arrecadou oito, de entre 16 nomeações —, e conquistou o Óscar para o melhor filme estrangeiro. Resultado: a abertura (momentânea) das portas de Hollywood e um convite a Trueba para filmar a comédia “Two Much” (1996), em que se formou o casal Antonio Banderas/Melanie Griffith.