Descoberta Recente
Adia Relatório da Comisão de Peritos
Isabel Braga
A equipa multidisciplinar de peritos nomeada
em Maio para assistir à VIII
comissão de inquérito parlamentar ao Caso Camarate
fez uma descoberta considerada decisiva nos restos do avião
que transportou Sá Carneiro: um buraco na zona de recolha
do trem de aterragem, por baixo dos pés do piloto, com
os rebordos recurvados para dentro, mostrando que fora provocado
por uma forte explosão localizada, de dentro para fora.
A fusão local do material também
aponta no mesmo sentido, concluiu, para já, a equipa multidisciplinar,
que pedira inicialmente um prazo até Setembro para entregar
o seu relatório pericial, mas, perante esta descoberta,
já solicitou à Assembleia da República que
o prazo fosse prolongado até final do ano.
A nova comissão técnica do Caso
Camarate tem um carácter mais especializado do que a anterior,
formada por três pilotos, um deles um antigo comandante
da TAP, Lima Basto, que, segundo o cartoonista Augusto Cid (a
pessoa que, desde 1980, nunca desistiu de afirmar que Sá Carneiro
e Adelino Amaro da Costa morreram num atentado) "não realizou
nenhuma peritagem científica e se limitou a subscrever
o parecer do Ministério Público sobre as causas
da queda do avião, ou seja, que foi um acidente". Engenheiros
do departamento de metalurgia da Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto, especialistas em ciência forense, entre eles
o professor Duarte Nuno, director do Instituto de Medicina Legal
da Universidade de Coimbra, e vários peritos em aeronáutica
civil formam a nova equipa de peritos que assiste a actual comissão
de inquérito a Camarate.
O interesse dos especialistas em resistência
de materiais neste assunto surgiu a partir do momento em que,
em 1995, um técnico reputado desta área - José Cavalheiro,
professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
e dedicado ao estudo da interacção entre substâncias
implantadas e o tecido ósseo -, foi oferecer os seus préstimos
primeiro à comissão de inquérito parlamentar
do Caso Camarate e depois à Procuradoria-Geral da República,
após ter visto na televisão uma radiografia de
fragmentos incrustados no corpo do piloto do Cessna, Jorge Albuquerque.
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