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SerieY 3
"Toda a Gente Diz Que Te Amo"

"Toda a Gente Diz Que Te Amo" de Woody Allen
Vasco T. Menezes

 

 

Uma magnífica comédia musical com um elenco recheado de estrelas

 

Um ano, entre Primavera, Verão, Outono e Inverno, na vida de uma numerosa e abastada família nova-iorquina, os Dandrige.

 

O pai, Bob (o actor e realizador Alan Alda), é um advogado com fortes convicções liberais. A mãe, Steffi (Goldie Hawn), também, só que ainda mais extrema, devido a um complexo de culpa por ter nascido rica e nunca ter precisado de trabalhar (e por isso envolve-se em múltiplos projectos cívicos). Ambos divorciados, têm filhos de casamentos anteriores: Skylar (Drew Barrymore) — uma romântica incorrigível que, apesar de estar apaixonada pelo noivo, o algo anódino Holden (Edward Norton), não deixa de sonhar com a chegada de um Príncipe Encantado — e Scott (Lukas Haas) — que, inexplicavelmente, se transformou num ferrenho republicano conservador —, filhos de Bob; e DJ (Natasha Lyonne) — uma estudante da Universidade de Columbia incapaz de manter o mesmo namorado por muito tempo —, filha de Steffi.

 

Como se não bastasse, há ainda Laura (Natalie Portman) e Lane (Gaby Hoffman), as filhas em comum (as duas perdidas de amor pelo mesmo rapaz), um avô quase senil, uma rígida empregada alemã (que se suspeita ter sido criada de Hitler...) e o ex-marido de Steffi, Joe (Woody Allen), condenado a sofrer repetidos desgostos amorosos por culpa da falta de pontaria na escolha das companheiras.

 

As peripécias, quase sempre sentimentais, vão-se sucedendo, principalmente quando Joe se apaixona por uma mulher casada, Von (Julia Roberts), e Skylar se deixa arrebatar por Charles (Tim Roth, hilariante), a última das “causas” de Steffi e um criminoso empedernido... “

 

Toda a Gente Diz Que Te Amo” (1996) marca o regresso à série Y de um grande realizador, Woody Allen. Tanto nos primeiros tempos do burlesco anárquico e da paródia arrasadora, como no período de negrume e gravidade bergmanianas, ou no recente reencontro com a leveza cómica, a obra do nova-iorquino — que marcou como poucos os últimos 40 anos do cinema americano e merece como ninguém o estatuto de autor — tem sido de uma excelência ímpar.

 

E se o anterior título apresentado, “Balas Sobre a Broadway” (1994), é um dos melhores exemplos da recente fase de viragem lúdica (iniciada em 1993, com “O Misterioso Assassínio em Manhattan”, a corresponder, coincidência ou não, ao fim do casamento com Mia Farrow), o filme de amanhã em nada lhe fica atrás. Allen junta um prodigioso elenco, põe-no a cantar e dançar (uma surpresa para os actores, que só souberam que o teriam de fazer por altura da rodagem) e assina uma divertidíssma comédia musical, esfuziante tributo a um dos géneros de ouro de Hollywood. Irresistível.