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SerieY 3
"State and Main"

"State and Main"
de David Mamet
Vasco T. Menezes

 

 

Um elenco de eleição numa deliciosa comédia assinada por um dos mais conceituados dramaturgos americanos

 

 

Depois de ter sido expulsa de New Hampshire, uma equipa de produção cinematográfica encontra na pacata cidadezinha de Waterford, em Vermont, o que parece ser o local ideal para a rodagem de uma grande produção de Hollywood.

 

 

De início, tudo corre bem: a tão essencial azenha velha não precisa de ser construída, já existe, e os habitantes dão mostras de uma total disponibilidade, abdicando mesmo da habitual compensação pela utilização dos espaços da cidade.

 

 

Depressa o panorama se torna negro. À descoberta de que afinal a azenha foi destruída por um já longínquo incêndio junta-se a impossibilidade de conseguir efectuar o plano mais importante do filme e recusa da protagonista (Sara Jessica Parker) em mostrar o peito à frente das câmaras.

 

 

Complicações que vão obrigar o argumentista (Philip Seymour Hoffman), em crise de confiança e auto-estima, a efectuar sucessivas alterações ao guião e o realizador (William H. Macy) e o produtor (David Paymer) a engendrar múltiplos esquemas para assegurar a continuação da rodagem. E tudo piora quando a outra estrela (Alec Baldwin) se vê envolvida num fait-divers” motivado pela especial apetência por raparigas de tenra idade...

 

 

Com “State and Main” (2000), a série Y dá as boas vindas a David Mamet, natural de Chicago, fanático de póquer e um dos mais importantes escritores americanos contemporâneos. No início dos anos 80, abriram-se-lhe as portas do mundo do cinema, começando como argumentista contratado, a emprestar o seu talento a filmes como o “remake” de “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes” (1981) ou “O Veredicto” (1982). A partir do extraordinário “neo-noir” “Jogo Fatal” (1987) começou também a acumular as funções de realizador. Desde então, tem construído um dos universos mais pessoais e fascinantes do actual cinema americano, no qual se destacam “As Coisas Mudam” (1988), “Brigada de Homicídios” (1991) ou “O Caso Winslow” (1999).

 

 

Em “State and Main”, Mamet experimenta a comédia “tout court” e assina uma das suas obras mais sedutoras, que, além de o confirmar, na subtileza e precisão dos diálogos, como grande contador de histórias, demonstra ainda que os típicos jogos cerebrais de palavras e enganos de que é feito o seu cinema também podem surgir pela via do (falso) divertimento.