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SerieY 3
"Manobras nas Casa Branca"

"Manobras na Casa Branca" de Barry Levinson
Vasco T. Menezes

 

 

Uma divertida sátira política com Robert De Niro e Dustin Hoffman

 

A menos de duas semanas das eleições presidenciais, eclode um escândalo na Casa Branca: o Presidente dos EUA é acusado por uma adolescente (ainda por cima escuteira.) de "conduta sexual indecorosa", um "fait-divers" que poderá pôr em xeque a sua reeleição, numa altura em que as sondagens lhe dão uma confortável vantagem de 17%...

 

Para evitar o descalabro, é preciso abafar o caso e manter a opinião pública "distraída" durante onze dias. É então chamado de emergência Conrad Brean (Robert De Niro), um consultor político da confiança do Presidente. A solução encontrada é simples: "fabricar" uma guerra "virtual" a que o chefe de estado americano possa depois pôr cobro, rápida e heroicamente.

 

Apesar de não ser fácil encontrar um "inimigo", a escolha acaba por recair na aparentemente inofensiva. Albânia. Mas é preciso mais, falta concretizar a ideia, dar-lhe espessura. Por isso, Brean e a conselheira de estado, Winifred Ames (Anne Heche), recrutam Stanley Motss (Dustin Hoffman), um espalhafatoso produtor de Hollywood habituado a pôr em cena grandes espectáculos.

 

Juntos - e com a preciosa colaboração de uma lenda da música "country" (Willie Nelson) e de um especialista em "marketing" (Dennis Leary) - vão construir uma gigantesca encenação, um logro que a cada passo se torna mais rocambolesco: dos relatos das missões do misterioso (e inexistente) bombardeiro B-3 e das actividades militares suspeitas (e, claro, falsas) de terroristas albaneses às canções e mártires forjados, nada é demasiado inverosímil, porque, acima de tudo, o espectáculo tem de continuar.

 

"Manobras na Casa Branca/Wag the Dog" (1997), de Barry Levinson, é uma farsa mordaz que satiriza, com elegância e habilidade, a vida política e a manipulação mediática que é apanágio da sociedade de informação. Para além de reunir dois "monstros sagrados", De Niro e Hoffman, os seus maiores trunfos residem na cuidada direcção de actores, todos notáveis (o espantoso elenco inclui ainda convidados ilustres, como Woody Harrelson, William H. Macy, Kirsten Dunst ou James Belushi, em saborosas participações especiais), e na argúcia e precisão cómicas do argumento, que combina, em doses iguais, cinismo e inteligência.

 

Nomeado para três Globos de Ouro e dois Óscares - melhor actor principal (Dustin Hoffman) e melhor argumento adaptado (co-assinado por David Mamet, mestre da palavra, a partir de um romance de Larry Beinhart, "American Hero") -, o filme recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim, a sinalizar o Prémio Especial do Júri. Prémio justo para a ligeireza lúdica de um divertimento charmoso.