Proposta de correcção da prova de Sociologia (144)

 


 
Versão 1
Versão 2
 
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Grupo I

Ministério da Educação

Grupo II

1. As ciências sociais em geral e a sociologia em particular são permeáveis às interpretações do senso comum - noções e pré-noções exercem uma influência poderosa na análise do social. Para além disso, os cientistas sociais, e particularmente os sociólogos, são actores sociais integrados em estruturas sociais, com uma tarefa difícil - a de tomar como objecto de estudo as relações sociais - isto é, "a experiência que os homens têm do seu próprio grupo e de outros". Esta proximidade com o social (familiaridade com o social) representa um poderoso obstáculo epistemológico, bem como as denominadas "sociologias espontâneas" que não cumprem minimamente os princípios da teoria do conhecimento do social. Em sociologia, é sempre necessário accionar o princípio chave de superação de tais obstáculos - explicar o social pelo social e só pelo social - ou seja, não existem elementos metassociais que possam dar cientificamente conta dos factos sociais. Como ultrapassar tais obstáculos? ou de outra forma - "como separar, evitando equívocos e contradições, as suas duas funções, a de participante e a de investigador?" Só fazendo da ruptura uma atitude de vigilância crítica é que o sociólogo pode cultivar uma postura científica. Mas a consciência dos actores sociais é um elemento decisivo e constitutivo do mundo social, isto é, a forma como o mundo social é apreendido subjectivamente pelos actores sociais e que no fundo se traduzem nas suas maneiras de pensar e de sentir, e que são elas próprias objectos centrais de qualquer ciência social. Em suma, para analisar sociologicamente qualquer fenómeno social torna-se necessário que o investigador pense relacionalmente, ou seja, que relacione os universos simbólicos dos sujeitos com as regularidades objectivas que os determinam.

2. Os grupos sociais são formas de agrupamento cujos membros partilham determinados valores e têm objectivos comuns a atingir. Ora, para que estes objectivos possam ser alcançados, tais agrupamentos terão de ser estruturados e organizados. O que significa que os seus elementos terão posições e papéis definidos no interior do grupo e que serão instituídas normas reguladoras das funções e das interacções inerentes à vida do grupo.


Grupo III

1. As desigualdades sociais baseadas em diferenças de sexo, etnia ou raça, correspondem a diferenças de natureza física e biológica com um forte cariz histórico, cultural, social e político, dando origem a desigualdades institucionalizadas e que se perpetuam no tempo. Por exemplo, a distribuição desigual de recursos em função da etnia ou da raça é uma forma de desigualdade que prevalece nas sociedades contemporâneas, mas talvez a mais visível sejam as desigualdades construídas em torno da diferença sexual. Apesar de muitas formas institucionalizadas de desigualdade sexual terem vindo a ser banidas, no entanto, outras persistem em determinadas sociedades e meios, como ao nível dos papéis familiares, do mercado de trabalho e do acesso a lugares de poder. Quando se combinam vários tipos de desigualdades deparamo-nos com situações de privação mais fortes, como por exemplo, o caso das mulheres pobres e marginalizadas que lhes são negados os direitos mais elementares, e, por isso, estão "particularmente expostas à tortura e aos maus tratos", sobretudo nas sociedades menos democratizadas. No entanto, pelo mundo fora, se continua a assistir à facilidade da perpetuação da dominação masculina e a aceitar ou mesmo a considerar como naturais, situações intoleráveis. No caso concreto a que se refere o texto em análise - a violência doméstica - só há relativamente pouco tempo é punida por lei nas sociedades ocidentais. Agora, a génese do processo de perpetuação da relação de dominação não reside apenas no interior da esfera doméstica, mas em instâncias que repartem entre si a produção e imposição de símbolos e de valores que recobrem princípios de dominação - a escola, a família, os mass media, a igreja, etc. Estes símbolos são interiorizados pelos indivíduos, ainda que de forma diferenciada consoante os vários recursos de que se dispõem, através do processo de socialização - como sendo os legítimos - bem como as maneiras de agir relativamente padronizadas e associadas às diferentes posições sociais - os papéis sociais. Portanto, as socializações diversas e as interacções que ocorrem ao longo da vida adulta, contribuem, entre outros factores, para explicar a reprodução da discriminação de género ao longo dos tempos.

2. A origem de classe pode condicionar decisivamente o trajecto de vida dos indivíduos. Para quem nasce em famílias de fracos recursos económicos, com baixos níveis de instrução ou residentes em zonas residenciais desfavorecidas - condições que a maior parte das vezes aparecem ligadas - as possibilidades de alterar as suas condições de vida são bastante limitadas. Nesta situação encontram-se "as mulheres pobres e marginalizadas".


3. As formas de acção colectiva dos novos movimentos sociais constituem os principais factores de mudança cultural nas sociedades contemporâneas. No caso específico do movimento feminista não só trouxe novos valores, como colocou novas questões para debate e fez surgir novas formas de participação política. Foram as mulheres na luta pela igualdade de direitos, que revelaram capacidade de intervenção nos mais variados domínios. No entanto, só a partir dos anos 70, tal movimento ganha maior expressão na maioria dos países ocidentais. A entrada das mulheres no mercado de trabalho e a consagração na lei da igualdade plena de direitos, são reveladores de como o movimento feminista imprimiu uma dinâmica de mudança por comparação com o passado.

4. Para conhecer a opinião das mulheres portuguesas sobre o tema em análise, justifica-se a aplicação de um inquérito por questionário na medida em que: - o plano do inquérito é estruturado de forma a permitir a quantificação dos resultados e o seu tratamento estatístico, uma vez que é constituído por questões predominantemente fechadas e sistematizadas; - a recolha de dados incide sobre uma amostra representativa - um grupo de tamanho mais reduzido mas que tem proporcionalmente as mesmas características do universo; - cumpridas as condições anteriores os resultados obtidos podem ser quantificados e generalizados, o que permite conhecer com aproximação as opiniões da população feminina portuguesa sobre a violência doméstica.


Associação Portuguesa de Sociologia


 
 
   
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