Marco incontornável para quem se interessa
pelas questões metafísicas, A Profecia Celestina descreve
o processo de descoberta espiritual do narrador, à medida que este
vai tendo acesso às nove revelações de um antigo
manuscrito encontrado no Peru. A Primeira Revelação alerta
para as ditas “coincidências” que acontecem na nossa
vida e às quais, muitas vezes, não ligamos. Ou, pelo menos,
não prestamos a devida atenção. A Segunda Revelação contextualiza
a nossa consciência no seu período histórico, fazendo
com que a nossa visão sobre o Homem, Deus e o Universo se insira
num continuum, num todo. Redfield ajuda-nos a perceber que o nosso olhar
sobre o futuro tem de partir da compreensão do passado e presente. Ampliar a beleza e partir dela para perceber que tudo é energia no Universo é a substância da Terceira Revelação do manuscrito peruano que inspira toda a aventura espiritual da Profecia Celestina. Redfield explica que todo o Universo tem por base um campo de energia que emana de todas as coisas e seres, incluindo naturalmente o Homem. A compreensão desta Revelação passa pela visão desse mesmo campo de energia e essa capacidade começa por desenvolver uma sensibilidade acrescida à beleza. Posto assim, parece um discurso demasiado cifrado mas explicar o que está em questão pode desvirtuar a leitura do livro e retirar-lhe, até, algum do seu suspense. Alimentar a energia é essencial para fortalecer a nossa relação com os outros e connosco próprios. Por isso, a Quarta Revelação decorre da Terceira: o Universo é alimentado por uma imensa fonte de energia, da qual, no entanto, os homens e mulheres se foram desligando, caindo num estado de carência e fraqueza. Dado que essa energia se tornou um bem escasso, os seres humanos são obrigados a competir uns com os outros para a recuperar. A acreditar em Redfield, esta competição, mais ou menos inconsciente, está na base de quase todos os conflitos humanos. Procurar alternativas é o que nos resta quando tomamos consciência de que as relações humanas estão enfraquecidas pelas lutas de poder e pelas ligações ‘vampirizadas’, tão frequentes nos dias que correm. A Quinta Revelação responde a esta questão mostrando que existe, de facto, uma fonte de energia alternativa. Para terem acesso a esta fonte superior, os homens e mulheres têm de abandonar os padrões de competição e controlo dos outros que até aqui utilizavam. Parece demasiado simplista mas, no contexto do livro, faz sentido. A Sexta Revelação desvenda o papel da experiência mística no processo de descoberta espiritual. Redfield explica que temos que abandonar os nossos comportamentos de controle de poder e resistir à tentação de sugar a energia dos outros. Chegou a altura de despertar para quem realmente somos, de alinhar com a nossa verdadeira natureza, de encontrar o nosso lugar no mundo para podermos, finalmente, ter acesso a esse estado especial da mente, que é, afinal, a experiência de nos deixarmos orientar na vida por coincidências significativas. Entender o conceito de experiência mística é essencial, portanto. Observar e conhecer a nossa própria
mente é uma aprendizagem. A Sétima Revelação
ensina a fazê-lo em busca de novas ideias e pensamentos que devemos
questionar, enquadrar e tentar compreender no contexto da nossa existência.
Esta Revelação coloca-nos no fluxo da evolução,
integrando todas as revelações numa única forma de
estar. Processo de evolução. James Redfield empenha-se particularmente em mostrar como podemos quebrar os padrões de conduta que nos impedem de evoluir e declara que a grande aposta passa por melhorar a circulação da energia entre nós. Finalmente, a Nona Revelação explica que o Homem vai passar por um processo de evolução consciente no próximo milénio e vai querer viver num planeta sustentável, a um ritmo mais compatível e menos acelerado e com um maior grau de atenção ao que é verdadeiramente essencial. Optimista e consolador, este livro serve de ponto de partida para entender algumas das questões que se prendem com a procura do sentido da vida. Mesmo que, à chegada, os leitores possam descobrir que o seu caminho é outro. Texto Laurinda Alves O autor e o livro
|