A Escolha É Tua
Bonnie M. Parsley

A Escolha é Tua. Só há relativamente pouco tempo é que a adolescência passou a ser considerada uma fase essencial na vida e da formação da pessoa. Durante séculos era olhada como um período pouco claro, obscuro, uma fase indeterminada entre o fim da dependência infantil e o início da autonomia adulta. Na maior parte das vezes, a entrada na adultícia fazia-se a seguir ao aparecimento dos caracteres sexuais secundários. Era assim na Grécia Antiga e foi assim praticamente até finais do século XVIII e princípios do século XIX.

A imposição de uma escolaridade alargada chamou a atenção para todo o conjunto de fenómenos que se prendiam com a adolescência. Freud foi dos primeiros no campo da psicologia a olhar com atenção a importância da puberdade e das alterações não fisiológicas, mas também psicológicas que têm lugar nessa fase, muito embora não lhe tenha dedicado muitos escritos.

Tornar-se independente. Só no século XX é que as ciências humanas – em particular a psicologia, a psicanálise e recentemente a sociologia e a antropologia – começaram a considerar a adolescência como uma fase fundamental da formação da identidade e da personalidade. A adolescência não só é a assunção do corpo sexuado, mas também a fase de maturação psicológica, da maturação social, do pensamento e da conquista da identidade e da autonomia. A adolescência é um trabalho. Um trabalho quase sempre duro, incompreendido, por vezes desenvolvido solitariamente.

Alguns pais consideram ser esta uma das fases mais difíceis do desenvolvimento dos seus filhos e muitos têm dificuldade em lidar com ela. Por outro lado, é uma fase de descoberta e de experimentação do mundo, muito para além do universo familiar, experiências que implicam escolhas e que sujeitam os adolescentes a perigos diversos, o que também traz angústias aos progenitores. A droga, o álcool, as más companhias, os comportamentos desviantes e anti-sociais, as doenças sexualmente transmissíveis, as perturbações alimentares, os desaires amorosos, a gravidez precoce, a depressão, as inseguranças, o insucesso escolar, a eventualidade de serem vítimas da publicidade (que cada vez se dirige mais aos jovens, já que conseguem vencer as resistências dos adultos relativamente a alguns bens de consumo), e muitas outras ameaças, levam por vezes os adultos a excederem-se nas restrições e protecção, o que por vezes desencadeia o processo inverso.

Ser responsável. Bonnie M. Parsley inspirou-se no livro do psiquiatra Scott Peck, O Caminho Menos Percorrido (número 1 da colecção XIS), que fala dos caminhos para uma maturidade plena em todos os aspectos humanos, para escrever uma obra dirigida a adolescentes. Através de uma linguagem simples, clara e sem concessões, aborda os vários aspectos das vivências da adolescência. Na realidade não abundam livros dirigidos aos adolescentes que falem de forma directa das suas angústias, dos problemas que surgem com as amizades, os namoros, a aceitação por parte dos seus pares, das escola, da relação com os pais, com o dinheiro, com o consumo e outros aspectos que Parsley vai enumerando. Descobrir, experimentar e formar opiniões durante a adolescência implica escolhas. Algumas podem ser nefastas, por isso cada uma implica responsabilidade.

A autora vai discutindo cada uma dessas escolhas, ilustrando-as com exemplos recolhidos das dezenas de entrevistas que efectuou junto de adolescentes ao longo da sua vida. Não se trata de um livro directivo, com soluções para cada problema, mas uma tentativa de discutir esses problemas, colocando a tónica na responsabilidade e na autonomia individual, liberta de culpas e praticando a aceitação dos erros e dos fracassos, ensinando a ser tolerante, a desdramatizar os desaires, a encontrar paz de espírito e a aprender a amar-se.

Liberdade de escolha. Todos estes conselhos visam alertar o jovem para o facto de que neste momento é um indivíduo que se autonomizou, que deixa aos poucos a dependência em relação aos pais. Que é livre de eleger valores que não têm de ser necessariamente os dos seus progenitores e que não há nada de errado nisso, desde que esses valores favoreçam o seu crescimento, a sua liberdade individual e o seu bem-estar. A Escolha é Tua significa ter a liberdade de escolha e de construir o nosso próprio caminho.

Se é verdade que esta obra é dirigida aos adolescentes, também é verdade que a adolescência é uma fase que fica presente em nós, mesmo enquanto adultos. É sempre possível lá voltar para resolver coisas que ficaram por resolver ou aceitá-las como são. Por isso este livro pode ser lido por adolescentes, adultos com filhos adolescentes ou não. É, afinal, um livro para todos.

A AUTORA

Bonnie M. Parsley é professora há quinze anos, casada, mãe de quatro filhas adolescentes e vive na Califórnia na pequena localidade de Escondido. A sua actividade docente e o contacto com as suas filhas foram determinantes na escrita deste livro. Entrevistou várias dezenas de adolescentes e discutiu com eles os diversos problemas que os atormentam de onde retirou os diversos exemplos que acompanham esta obra. Foi professora de teatro e publicou alguns livros de contos infantis, com destaque para The Sugar Ship, escrito em 1990 em conjunto com o seu marido, Reed Parsley, com quem é casada há 27 anos. Na adolescência fez teatro, tendo ganho alguns prémios e voltando-se mais tarde para o ensino desta arte. No prefácio a esta obra o psiquiatra Scott Peck escreve: “Perguntavam-me porque é que não escrevia uma versão de O Caminho Menos Percorrido para adolescentes. (…) Agora, fi nalmente, alguém o fez, e fê-lo bem”.