"Os Nomes", de Don DeLillo,
na Colecção Mil Folhas

É um dos maiores escritores norte-americanos vivos, escreveu 10 romances, vários textos dramatúrgicos e inúmeras "short stories" e a sua obra continua a exercer uma profunda influência em autores como Jonathan Frazen ou Jeffrey Eugenides. Thomas Pynchon não lhe poupa elogios, Martin Amis colou-lhe o epíteto jocoso de "poeta da paranóia".

Donald (Don) DeLillo (1936) possui uma das vozes mais singulares da literatura mundial, reflectindo nos seus livros (alguns deles verdadeiras crónicas sobre os EUA) um apurado sentido crítico em relação ao "american way of life". Em Portugal estão traduzidos seis romances - "Libra", "Ruído Branco", "Mao II", "Os Nomes", "O Corpo Enquanto Arte" e "Cosmopolis", este último lançado recentemente sob a chancela da Relógio D'Água (ver Mil Folhas do próximo sábado) - e uma peça de teatro, "Valparaíso", encenada em 2002 por Nuno Cardoso. O generoso número de traduções não corresponde, porém, à aproximação dos leitores portugueses. No nosso país, DeLillo permanece ainda num lugar semiobscuro.

O título agora lançado pela Colecção Mil Folhas, "Os Nomes", é uma propícia introdução à obra do autor de "Underworld". Publicado em 1982 (foi editado em Portugal em 1996), ali se cruzam os códigos familiares, a avaliação da perda, os cultos religiosos e a descoberta do maravilhoso potencial das palavras e das diferentes línguas. Tendo como cenários a Grécia, o Médio Oriente e a Índia, "Os Nomes" é narrado por James Axton, um analista de risco norte-americano, a viver em Atenas, separado da mulher, arqueóloga amadora, e do filho, uma criança que escreve romances. Diversos caminhos confluem no encontro de James com a descoberta de vários homicídios resultantes de um bizarro culto religioso e perpetrados por uma seita nómada.

O enigma transforma-se numa obsessão e o narrador deixa-se envolver numa incessante busca de pistas que o levam às montanhas do Peloponeso, ao bairro arménio de Jerusalém e à antiga cidade de Lahore. Sempre submerso em interrogações: Quem são aquelas pessoas? O que é que as move? Qual a causa de tão estranho fascínio?

A par de outros romances de DeLillo, "Os Nomes" releva também a marcante identidade individual de cada uma das personagens - a maior parte são "exilados" norte-americanos a viver na Europa e no Médio Oriente - e a proeza narrativa de conseguir interessantíssimas descrições dos pensamentos mais mundanos e dos lugares mais estáticos.

 

 


      “Tornei-me escritor por viver em Nova Iorque, vendo, ouvindo e sentindo todas as coisas grandiosas, extraordinárias e perigosas que a cidade nos mostra sem cessar. E também me tornei escritor por evitar compromissos sérios com o que quer que fosse.”

    
   

 
Don DeLillo
 
 
Don DeLillo nasceu em 1936, em Nova Iorque, EUA. “Os Nomes” foi publicado em 1982.