"Horizonte Perdido", de James
Hilton
Por Maria José Oliveira
James Hilton
morreu com apenas 54 anos. Legou uma pequena obra literária,
trabalhou como argumentista em Hollywood e colocou a palavra "Shangrila" nas
bocas do mundo com o seu livro mais conhecido, "Horizonte
Perdido"
1933 foi
o ano que mudou a vida de James Hilton (Leigh, Reino Unido,
1900, Long Beach, California, 1954). Até essa data recolhera somente a distinção de reputado jornalista do "The Irish Independent",
mas Hilton queria mais.
Já havia debutado na literatura com a publicação de algumas pequenas novelas - "Catherine Herself" foi o título da sua primeira obra editada em 1920 -, tinha recebido da crítica especializada as apreciações prazenteiras habitualmente atribuídas aos "novos", mas não alcançara ainda a glória internacional. Em 1931, Hilton decidiu perseguir o reconhecimento literário que tanto almejava: abandonou o jornalismo e o sucesso editorial da novela "And Now Goodbye" garantiu-lhe o financiamento da dedicação à escrita em "full time".
Em dois
anos, o autor traçou as linhas do romance que o levou à conquista de prémios e de um sucesso além-fronteiras (em 1935, Hollywood chamou-o para trabalhar como argumentista ao serviço de vários estúdios de cinema). O livro que lhe deu tudo isso intitula-se "Horizonte Perdido" e o nome do lugar mítico onde decorre a acção,
Shangrila, transformou-se numa palavra assaz familiar.
Mas 1933
não ficou apenas marcado pela publicação deste romance. Um outro acontecimento - a edição da novela "Adeus, Mr. Chips" (editado em português pelas Publicações Europa-América) - granjeou a James Hilton a fama tão desejada. "Goodbye, Mr Chips" (no original) foi escrita em apenas quatro dias: Hilton contou mais tarde que a história surgiu-lhe após um passeio de bicicleta pela floresta de Epping, numa manhã de nevoeiro, quando buscava inspiração para uma "short-story" que a revista "The British Weekly" lhe
pedira.
A aventura
de quatro ingleses no Tibete, desenvolvida em "Horizonte Perdido", obteve um êxito quase imediato na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, tendo sido por duas vezes adaptado ao cinema: a primeira versão
(1937) teve a assinatura de Frank Capra, e a segunda (1973)
de Charles Jarrott.
Logo no
ano da sua edição, o livro converteu-se num "best-seller" e a "descoberta" do
seu autor levou muitos leitores a procurarem as suas obras
anteriores, que acabaram por ser reeditadas.
Qual é, afinal, a razão do magnetismo do livro? A resposta, ainda que concisa, atenta na imaginação do escritor. Mais do que a sua capacidade "técnica", em termos literários, é a criatividade de Hilton que sobressai numa narrativa em torno de quatro personagens que são "desviadas" para o mosteiro tibetano de Shangrila, nas quase inacessíveis
montanhas da Lua Azul.
|