Glória in Excelsis
Caro companheiro e peregrino da palavra, Vasco Graça Moura.
Aproveito a corrente que desliza nas margens do convite ofertado no
Jornal Público, “companheiro” também silencioso mas incisivo na palavra
escrita, a possibilidade de lhe bater à sua porta, ainda que no espaço
envolvente apenas surja aos olhares de muitos o abstracto do encontro.
Mas que importa essa ponte que nos separa, “se as nossas almas já estão
abraçadas no Encontro”, como diz um monge com quem vivi e que se chama
Irmão Silêncio.
Nada nos poderá separar do toque das sandália do Peregrino, quando o
caminho que Ele pisa, é parte dos nossos corações! Sabe, há muito tempo
que acompanho no exílio do silêncio, os voos rebeldes e arriscados que
executa à janela da minha mente, deixando no seu parapeito, algumas
penugens, restos das penas que vão escrevendo a história das nossas
vidas e de Aquele que nela já nos abraçou. E contagiado pela sua loucura
escrita, arrisco por vezes o voo também, sabendo que as folhas onde
depositou um pouco de si, ampararão a queda de uma ave iniciante das
palavras ... risos.
Não quero ser importuno, perdoe o roubo do seu tempo precioso, mas
também não partirei - pardais sem ninho demasiado rebeldes - enquanto
não deixar este sedento beber um pouco da fonte onde enche o seu cântaro
que transborda da palavra, e advirto-o desde já que nenhum espantalho
das criticas que foi recolhendo em direcção aos seus escritos, e que
agora expôs nos campos onde ceifa, afugentarão este que lhe dirige a
palavra; antes sentir a dor de um seixo que voa na força da ira dos
homens que perder a oportunidade de roubar umas boas sementes ... risos.
Pena que os meus companheiros de rebeldia agora me chamem, mas voltarei
um dia, para aprender mais de si e do seu alfabeto dos sentimentos.
Um pardalito ferido abraça forte o seu coração.
“Pássaro
ferido”