Gente Feliz com Lágrimas
Mónica Lice Barcelos de Freitas
Antes de mais deixe-me que o trate assim, uma vez que somos
conterrâneos. Como açorianos que somos sentimos-nos unidos por um cordão
umbilical que nunca foi nem será cortado.
Devo confessar que só tive contacto directo com a sua obra através de
"Gente Feliz Com Lágrimas". Em cada página revi e senti uma realidade
que me é tão próxima e familiar. E pude também confirmar o que muitos
defendem e tantos sentem: quem nasce açoriano nunca deixa de o ser.
Talvez seja a bruma que nos une, ou então serão os ciclones que nos
aproximam e abençoam...
O facto de se nascer numa Ilha e dela ter de partir um dia faz com que
todos aqueles que partilharam tal experiência comunguem de um misto de
sentimentos muito similar. No fundo, somos todos membros de uma mesma
confraria em que a palavra passe se chama SAUDADE.
Antes de me despedir não posso deixar de referir a poesia do título
GENTE FELIZ COM LÁGRIMAS. Para quem não conhece os Açores e, sobretudo,
o povo açoriano, será de estranhar como se pode ser feliz chorando. Mas
tal simbiose resulta na perfeição, porque as lágrimas ora rolam por
tristeza, ora por felicidade. E os açorianos são peritos em superar
dificuldades, pois mesmo nos piores momentos deixam escapar um rasgo de
felicidade dos rostos encharcados de suor.
Termino com um propósito que retiro da obra e que aprendi na vida: ser
feliz sempre, mesmo com lágrimas nos olhos.
Bem haja, Sr. João de Melo.